Promotoria fala em quebrar sigilos de Queiroz e família

Mulher e duas filhas do ex-assessor de Flávio Bolsonaro não compareceram para depor, hoje

O Ministério Público do Rio anunciou, em nota, nesta terça-feira, que pode quebrar os sigilos de Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro, e dos familiares dele. O anúncio ocorreu após a mulher do ex-auxiliar do deputado, Márcia Oliveira Aguiar, e duas filhas dele, Nathalia e Evelyn de Melo Queiroz, também ex-integrantes do gabinete de Flávio Bolsonaro, faltarem a depoimento marcado na sede do MP para a tarde de hoje.

Em 6 de dezembro, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que Queiroz movimentou, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, R$ 1,2 milhão em uma conta, o que o órgão considerou incompatível com a renda do funcionário. O documento chegou ao MPRJ no início do mês passado.

A Procuradoria de Justiça do Rio, porém, não informou quais providências deve tomar para obter os depoimentos dos familiares de Queiroz. Da mesma conta de Queiroz que está sob investigação saíram R$ 24 mil depositados em uma conta da primeira-dama, Michele Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro disse que se tratou do pagamento de uma dívida do ex-assessor com ele.

De acordo com o Estadão, a defesa de Nathalia, Evelyn e Márcia afirmou que as clientes não compareceram para prestar depoimento porque Queiroz passou por uma cirurgia no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para a retirada de um câncer. Hoje, ele recebeu alta, mas ambas alegaram a necessidade de acompanhar o pós-operatório.

O MP já “sugeriu” o comparecimento de Flávio Bolsonaro – filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, eleito senador em outubro de 2018 – para depor na quinta-feira, 10. Por prerrogativa parlamentar, porém, ele pode indicar outra data. Questionado, o órgão não informou se Flávio confirmou presença. A assessoria do senador eleito pelo Rio também não quis confirmar se ele vai ou não.

Relatório

O trabalho do Coaf mostra que Queiroz recebeu, na conta bancária, depósitos regulares de outros assessores de Flavio, na maioria dos casos em datas próximas ao pagamento dos funcionários da Alerj. Uma das suspeitas sob investigação é a de cotização – processo usado em muitos Legislativos brasileiros, no qual o ocupante de cargo de confiança repassa ao parlamentar a maior parte do salário.

Queiroz chegou a ser chamado duas vezes para depor ao Ministério Público do Rio, mas faltou alegando questões de saúde. Em entrevista para o SBT, Queiroz justificou que “fazia dinheiro” com a compra e revenda de veículos.