Bolsonaro descarta CPMF e guerra com governadores de oposição

Em entrevista para o SBT, presidente eleito reiterou que vai visitar os Estados Unidos

O presidente eleito Jair Bolsonaro fala à imprensa, após receber uma honraria do Exército, a Medalha do Pacificador com Palma, entregue durante audiência fechada no Quartel-General do Exército, em Brasília.

Na primeira entrevista concedida após a posse, o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que não pretende retomar a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) nem aumentar alíquotas, e avisou que, mesmo com a oposição de alguns governadores, não quer partir para o enfrentamento.

“Não posso fazer uma guerra com os governadores do Nordeste, atrapalhando as pessoas [da região]”, afirmou o presidente, com exclusividade, ao SBT. Ele aproveitou para brincar: “Espero que não venham pedir dinheiro”.

Impostos
Bolsonaro negou que pretenda retomar a cobrança do imposto sobre cheques e elevar alíquotas para a contribuição previdenciária do funcionalismo público. Segundo ele, o que planeja é implementar a fusão de tributos, mas não detalhou como isso vai ser feito.

De acordo com o presidente, é fundamental buscar os pontos pelos quais escoa dinheiro público. Bolsonaro levantou dúvidas sobre a liberação de recursos, conforme ele, elevados para eventos esportivos e culturais e disse que, na movimentação financeira de alguns órgãos do governo, há indícios de corrpução.

O presidente afirmou ainda que vai manter o Bolsa Família. No entanto, vai revisar o programa para evitar desvios, mas jamais acabar com os repasses.

Mesmo após o PSL fechar hoje apoio à reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro optou pela neutralidade. O presidente da República disse não ter restrições aos nomes já postos para comandar a Casa, mas quer a vitória de alguém que consiga dialogar com ele. “Nós queremos é dialogar com quem quer dialogar.”

Política externa
Bolsonaro afirmou que pretende ir aos Estados Unidos para se reunir com o presidente norte-americano, Donald Trump. Questionado por que o norte-americano não vem para o Brasil, minimizou, dizendo que o líder americano é o “homem mais poderoso do mundo”.

“Eu reconheço a minha posição, nós sabemos que ele é o homem mais poderoso do mundo, gostaria muito que nos visitasse, mas já sinalizei para o [secretário de Estado norte-americano] Mike Pompeo que em março eu gostaria de fazer uma visita [aos Estados Unidos].”

De acordo com o presidente, a parceria com os norte-americanos pode ir além das questões econômicas, podendo, inclusive, ser bélica. “A aproximação minha com os Estados Unidos é econômica, mas pode ser bélica. Podemos fazer acordos também.” Bolsonaro disse que o Brasil não quer ter “superpoderes na América do Sul”, mas quer ter “supremacia”.

Questionado sobre a aliança da Rússia com a Venezuela, fortalecendo o país sul-americano, Bolsonaro disse que acompanha as intenções do governo de Nicolás Maduro. “O Brasil tem de se preocupar com isso, sim.”

O presidente negou que a aproximação com Israel possa prejudicar a relação com os países árabes. Para ele, “grande parte do mundo árabe está se alinhando com os Estados Unidos.”