Em seu primeiro dia do ano, 2019 acordou no sobressalto com o público aos gritos de “mito”, o “capitão chegou” e vaias para políticos e autoridades na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Bueno, começa que mito nem sempre é utilizado na simbologia correta, porque também é usado em referência a crenças comuns que não têm fundamento objetivo ou científico. Porém, acontecimentos históricos podem se transformar em mitos se tiverem uma simbologia muito importante para uma determinada cultura.
Um mito não é um conto de fadas ou uma lenda. São narrativas utilizadas pelos povos gregos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, que não eram compreendidos por eles. Os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram.
Fazem parte da mitologia grega os deuses do Olimpo, os Titãs, e outras figuras mitológicas como minotauros e centauros. Entre tantos, me agrada o Mito de Narciso, um dos mais famosos na mitologia grega. Narciso, um jovem de uma boniteza tal que despertou o amor de Eco, uma formosa ninfa. Porém, rejeitou esse amor, fazendo que a ninfa ficasse destruída com a rejeição. Como castigo, a deusa Nêmesis fez com que ele se apaixonasse pelo próprio reflexo no rio, de tal forma que Narciso morreu afogado.
Outro que destaco é o mito de Sísifo, um ensaio filosófico escrito por Albert Camus, em 1941. Sísifo desafiou os deuses; quando capturado sofreu uma punição: para toda a eternidade, ele teria de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo; a pedra então rolaria para baixo e ele novamente teria que começar tudo. Camus vê em Sísifo o ser que vive a vida ao máximo, odeia a morte e é condenado a uma tarefa sem sentido, como o herói absurdo. Não obstante, reconheça a falta de sentido, Sísifo continua executando sua tarefa diária.
Camus apresenta o mito para trabalhar uma metáfora sobre a vida moderna, como trabalhadores em empregos fúteis em fábricas e escritórios. “O operário de hoje trabalha todos os dias em sua vida, faz as mesmas tarefas. Esse destino não é menos absurdo, mas é trágico quando apenas em raros momentos ele se torna consciente”.
Um mito é diferente de lenda, porque uma lenda pode ser uma pessoa real que concretizou feitos fantásticos, como Pelé, Frank Sinatra, etc. Um mito é um personagem criado, como Zeus, Hércules, Hidra de Lerna, Fênix, etc.
Depois disso tudo, um trilha sonora vem embalar a minha dúvida: mito ou lenda? Me reporto a algum lugar do passado em que a música era um elemento de troca de mensagens e afirmação de valores, onde a palavra, mesmo sob coerção, conseguia circular. Apanho um Long Play de Chico Buarque e boto a tocar na vitrola o lendário Chico Buarque de Hollanda “Cala a boca Bárbara”…