“Salvo pelas ondas do rádio”, conta vizinho sobre explosão em Farroupilha

Homem adiou banho ao ouvir notícia na Rádio Guaíba. Peça inteira desabou sobre o imóvel de baixo

“Salvo pelas ondas do rádio.” É o que relata o advogado Roberto Bernardi, de 63 anos, que reside no apartamento 402, acima do imóvel onde ocorreu uma explosão seguida de incêndio, na manhã de hoje, em Farroupilha, na Serra. “Estava ouvindo a Rádio Guaíba, me interessei pela notícia que era comentada e resolvi adiar o banho. Se o rádio estivesse desligado, eu estaria embaixo do chuveiro no momento do estouro”, contou. Bernardi ouviu o estrondo no quarto junto com a esposa, a aposentada Eliane Bernardi, de 59. “Graças ao rádio ainda estou aqui”, destacou ele. Na ocorrência, 14 pessoas se feriram.

“De repente reparei que a parede do meu quarto de vestir (closet) estava rachada. Na sequência sentimos cheiro de queimado e percebemos o que estava acontecendo”, comentou. “Coloquei uma bermuda, um chinelo e chamei minha esposa para descer. Tivemos sorte, foi bem no começo. Alguns vizinhos precisaram de auxílio para sair do apartamento por causa da fumaça”, detalhou.

Roberto já procura outro apartamento. O closet e o banheiro foram totalmente atingidos pela explosão, desabando sobre o apartamento de baixo. O restante do imóvel também ficou danificado por conta da quantidade de fumaça. “Imaginamos que leve uns sete meses para reformar totalmente, por enquanto vamos ficar em um hotel e queremos encontrar outro apartamento para este período”, assinalou.

O entorno da Praça da Matriz ficou completamente afetado pela ocorrência. Quem percorria o local nesta quarta-feira fazia fotos e vídeos do incidente. “Que terrível, podia ter sido uma tragédia ainda maior. Estou impressionada, não sei como não teve morte”, disse a publicitária Rosane Alves, de 33 anos.

IGP retoma trabalhos nesta quinta-feira

Horas após a explosão, a edificação pode ser liberada parcialmente, no turno da manhã, para os moradores retirarem os pertences. Desde então, permanece interditada até que o Corpo de Bombeiros tenha acesso aos laudos técnicos necessários: um deles do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que deve apontar a causa da explosão e o outro da equipe de engenheiros da Prefeitura, que vai indicar propostas de escoramento da estrutura.

“Pela ocorrência de vulto que foi, nós podemos afirmar que houve mais do que sorte, foi um momento em que as pessoas que ali estavam não sofreram nenhum mal maior. Houve um grande risco à vida de todos que ocupavam o edifício, mas felizmente não tivemos nenhuma vítima fatal”, ressaltou o comandante do 5º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar, tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro.

Peritos do IGP estiveram no local pela manhã e devem retornar nesta quinta. Não há previsão para que os laudos sejam finalizados e entregues ao Corpo de Bombeiros, a quem cabe providenciar a liberação do edifício. Os estabelecimentos localizados no térreo do prédio – uma lancheria e uma loja de instrumentos musicais – permaneceram fechadas durante a quarta-feira e também ficarão interditadas, já que ainda não há confirmação sobre a segurança da estrutura.