Bolsonaro fala que “barra vai ser pesada” após a posse

Em transmissão nas redes sociais, presidente eleito pediu apoio para governar e falou de homologação de terra indígena, pacto de migração e extradição de Cesare Battisti

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Em transmissão ao vivo hoje, nas redes sociais, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, pediu o apoio de todos para governar a partir de 1º de janeiro de 2019, quando toma posse. Ele disse que a “barra vai ser pesada”, mas “com apoio de Deus e da sociedade” vai conseguir superar.

“Está chegando o grande dia: 1º de janeiro quando iniciaremos o nosso governo. Mais do que nunca preciso de vocês ao nosso lado porque a barra vai ser pesada. Ninguém acreditava. Ninguém que estava lá no poder acreditava nessa vitória. Teremos problemas lá na frente? Sim. Mas acredito em Deus e no apoio de vocês.”

Na transmissão ao vivo, Bolsonaro apareceu sozinho sem a tradutora de libras. Também não havia sobre a mesa os livros que normalmente mantém para indicar a leitura.

O presidente eleito ressaltou que a expectativa é de cerca de 500 mil pessoas para acompanhar as cerimônias que vão ocorrer ao longo do dia 1º. Também destacou não ter como distribuir convites para as cerimônias e que deixou a cargo da assessoria essa responsabilidade.

“Só de parente meu eu tenho uns 60 que eu não sei como será a divisão entre eles”, afirmou o presidente eleito, que disse ter para si não mais do que 30 convites.

No dia 1º de janeiro, serão três cerimônias distintas associadas à posse do presidente da República. No Congresso Nacional, Palácio do Planalto e no Palácio do Itamaraty, último local onde ocorre um coquetel para um público limitado. Um dos momentos mais marcantes ocorre no parlatório do Planalto, quando o presidente Michel Temer deve transmitir a faixa presidencial a Bolsonaro.

Battisti

Bolsonaro, disse que, na opinião dele, o italiano Cesare Battisti, que teve pedido de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), está com “algum companheiro ou fora do Brasil”. Mais uma vez, ele elogiou a iniciativa do presidente Michel Temer que decretou a extradição do ex-ativista para a Itália. Condenado à prisão perpétua no país de origem, ele segue foragido.

“Cesare Battisti é um terrorista que integrou o Proletários Armados pelo Comunismo, ele assassinou quatro cidadãos italianos, foi julgado e condenado, conseguiu fugir para França, a situação dele não ficou boa lá e aí veio para o Brasil”, disse o presidente eleito.

Migração

O presidente eleito também afirmou hoje que vai “denunciar e revogar” o Pacto Global pela Migração, assinado na semana passada pelo atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes. Na ocasião, Bolsonaro já havia criticado a iniciativa.

Bolsonaro citou a França como exemplo de país que vem sofrendo com a entrada de imigrantes. “Está insuportável viver em alguns locais. Os que foram pra lá, o povo francês acolheu, mas essa gente não abandona suas raízes, seus direitos lá de trás e seus privilégios. A França está sofrendo”, resumiu. “Nós não queremos isso para o Brasil”, afirmou, acrescentando não ser “contra migrantes”.

O presidente eleito não disse, no caso da França, a qual grupo étnico ou religioso se referia. O território francês recebe há décadas populações muçulmanas, originárias inclusive das ex-colônias francesas no norte da África.

Homologação de terra indígena

Bolsonaro ainda deixou a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF) a atribuição de rever a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Ele disse que o Supremo precisa acordar para que reservas como esta sejam exploradas com “racionalidade”.

“Sabemos das dificuldades de rever essas reservas que já foram homologadas, mas quem sabe, um dia, o Supremo acorde para isso e nos ajude aí para que essas reservas sejam exploradas com racionalidade em benefício ao povo indígena.”

Bolsonaro afirmou que esteve três vezes na região, nos últimos quatro anos, e que está convencido de que os indígenas “querem se integrar à sociedade”. Ele citou como exemplo de desejo dos indígenas facilidades para ir ao médico ou ao dentista e ter acesso à internet.