A Polícia Civil solicitou hoje uma correção no Diário Oficial do Estado (DOE) depois que os nomes de dois policiais presos foram incluídos em uma lista de agraciados, mesmo após o cancelamento da honraria. Nesta sexta-feira, um decreto assinado pelo governador José Ivo Sartori (MDB) condecorou mais de 30 policiais civis que trabalharam, em 2017, na ofensiva que resultou na descoberta de um túnel e evitou, com isso, a fuga de centenas de detentos do Presídio Central. A Casa Civil retificou o decreto, no fim da tarde.
Dentre os agentes agraciados com a Medalha do Mérito de Inteligência Policial, nas categorias ouro, prata e bronze, apareciam, no Diário Oficial de hoje, os comissários de Polícia Adalberto Azambuja Flores e Renato Almeida Bejoso, presos em agosto durante uma operação realizada pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil.
Na ocasião, os policiais lotados no Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) foram presos preventivamente, com aval da Justiça, por envolvimento com uma quadrilha de tráfico de drogas, de quem recebiam propinas em troca de informação privilegiada. Renato permanece preso no Grupo de Operações Especiais (GOE). Já Adalberto acabou solto, após decisão judicial.
Embora os agentes tenham participado dos trabalhos que revelaram a escavação do túnel, o Conselho Superior de Polícia, formado por mais de dez diretores da PC, advertiu para o histórico dos policiais e determinou o cancelamento das homenagens à dupla. A cerimônia para a entrega das medalhas ocorre na próxima terça-feira.
Responsável pela investigação que resultou na prisão dos agentes e membro do Conselho Superior de Polícia, o corregedor-geral da PC, delegado Marcos Meirelles, explica que um ruído na comunicação resultou na publicidade equivocada.
“Quando o Conselho entendeu que o trabalho era relevante, naquele mesmo momento, também entendeu ser prudente que não homenagearia os dois policiais, que estavam sofrendo processos de investigação e judicial. O Conselho, então, entendeu por não agraciar esses policiais, mas por uma falha de comunicação, os nomes acabaram constando na lista final, publicada no DOE. Mas isso já foi corrigido e solicitado à Casa Civil uma nova publicação, com a exclusão dos dois nomes”, explica.
Consultado, o secretário da Segurança, Cezar Schirmer, reforçou que os nomes agraciados não passaram pelo crivo do governador, cabendo a escolha exclusivamente à Polícia Civil.