Mais baixa, nova ponte do Guaíba prejudica travessia de barcos

Navegadores acreditam que fluxo de carros pode ser afetado em épocas de cheia na região

Mais baixa, nova ponte do Guaiba prejudica travessia de barcos | Foto: Alina Souza/CP

Os entraves antes da inauguração da nova ponte do Guaíba podem não se restringir a desapropriação das famílias que vivem nas Ilhas, que aguardam novas audiências de conciliação. Consideravelmente mais baixa que a antiga ponte, parte da obra está interrompendo a travessia de barcos de passeio entre as ilhas do Pavão e dos Marinheiros. Navegadores da região suspeitam que o empreendimento poderá, inclusive, vir a prejudicar o fluxo terrestre de automóveis em épocas de cheias, como nos meses de setembro e outubro.

Proprietário de uma marina na Ilha da Pintada, Davis Oliveira disse que a ponte atual, apesar de mais alta, já dificulta a navegação quando o Guaíba está mais alto. Na manhã dessa segunda-feira, com o nível considerado normal, ele tocava com as mãos no novo empreendimento, mostrando que seria impossível passar com sua lancha pelo local.

Ao longo da construção, segundo Oliveira, os navegadores perceberam que a ponte seria baixa demais, mas não conseguiram argumentar com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-RS). A informação recebida, ainda conforme ele, foi que a travessia ficaria restrita apenas a barcos de pesca. “Mas na cheia, nem pescador passa ali”, afirmou. No domingo passado, o proprietário de uma lancha de sua marina achou que seria possível atravessar e ficou com a embarcação trancada no empreendimento.

Acesso complicado

Integrante de um grupo de navegadores profissionais e amadores, Alexandre Hartmann disse que a limitação do novo empreendimento obriga os barcos e lanchas a dar uma volta muito grande para conseguirem acessar o outro lado da ponte. De acordo com ele, os projetos e vídeos promocionais que foram apresentados sobre a nova ponte não deixavam claro que ela seria tão baixa e a situação só foi percebida recentemente, após a construção. Ainda segundo ele, o Guaíba tem até quatro metros de variação e, inclusive por isso, não se imaginava que se faria uma obra dessa altura. Apesar disso, a nova ponte não atrapalha grandes embarcações, que utilizam outro trajeto.

Questionado, o Dnit informou somente que “a obra está de acordo com o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) aprovado para o empreendimento”. Sobre as desapropriações das famílias da região das ilhas do Guaíba, comunicou que um novo mutirão de conciliação vai ocorrer nos dias 4, 5 e 6 de dezembro na Justiça Federal, com a participação de equipes dos seguintes órgãos: Justiça Federal (JF), Dnit-RS, Advocacia Geral da União (AGU), Defensoria Pública da União (DPU) e Ministério Público Federal (MPF).

“Sem a realocação das famílias cadastradas em 2014, a obra só poderá avançar até 90%. Ao todo, já foram investidos cerca de R$ 464 milhões no empreendimento. Atualmente a nova ponte está com cerca de 75% dos serviços concluídos”, informou, através de sua assessoria de comunicação.