O gado japonês Wagyu é conhecido mundialmente pela carne saborosa e com alta grau de marmoreio, que, não à toa, também é uma das mais caras do mundo. A raça, introduzida no Brasil na década de 90, vem ganhando espaço entre os pecuaristas em todo país. Essa crescente valorização tem impulsionado não só o mercado de carnes, mas também o mercado de material genético.
Na região Central do Rio Grande do Sul, no município de Júlio de Castilhos, a fazenda Invernada Santa Fé, está investindo nesse nicho em ascensão. Além da qualidade e manejo cuidadoso dos animais, a fazenda também vem se dedicando ao desenvolvimento e comercialização do material genético, específico da raça Wagyu.
“Estamos trabalhando na montagem de um banco de genética de primeira linha, com materiais raros e de qualidade diferenciada, que vai atender tanto a demanda da fazenda como do mercado de sêmen raros. Nosso objetivo é tornar a propriedade uma referência de material genético de Wagyu no Brasil”, destaca Marco Andras, proprietário da Invernada Santa Fé.
Para atingir esse objetivo os administradores estão investindo fortemente na aquisição de uma genética diferenciada. “Decidimos investir na qualidade. Por isso, fomos adquirir esse material junto a pecuaristas que importaram sêmens raros da raça Wagyu, com pouquíssimas doses disponíveis no mercado mundial, o que torna o valor ainda mais alto, porém, a partir desse material é possível produzir animais com genética rara e, consequentemente, uma carne de qualidade incomparável”, revela Andras.
Para ingressar de vez neste mercado, a Invernada Santa Fé vem realizando neste mês de novembro operações de coleta em suas matrizes puras, processo que se inicia no Rio Grande do Sul, passa por São Paulo onde são produzidos os embriões, e volta para ser concluída no RS.
“Primeiro uma empresa paulista especializada em FIV (Fertilização in Vitro) vem até nossa propriedade para coletar os ovócitos das nossas fêmeas de Wagyu e retorna no mesmo dia para São Paulo, onde posteriormente fará a fertilização com sêmen de touros adquiridos por nós através de importadores. Depois, a medida que nós definirmos as vacas receptoras, os embriões produzidos serão implantados na Invernada Santa Fé, e deste processo irá nascer um animal P.O (puro)”, explica Andras. Segundo os administradores da propriedade, os primeiros implantes devem ocorrer ainda este ano, e, os animais P.O deste primeiro lote diferenciado devem começar a nascer já em 2019.
Com o crescimento do mercado de carnes, os pecuaristas têm buscado as melhores formas de criação para a produção de uma matéria-prima de qualidade, onde a interação do ambiente com a genética dos animais é de extrema importância para o sucesso e desenvolvimento da cadeia de carne, como destaca o médico veterinário e professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, Ricardo Zanella.
“Por isso, também é crescente a procura por cruzamentos de outras raças com o Wagyu. Os cruzamentos mais utilizados são Nelore/Angus, inseminados com Wagyu, e também Wagyu com Brangus, Angus, entre outros”, explica Zanella.
Segundo os especialistas do mercado de carnes nobres, o Brasil tem genética para fazer animais capazes de competir em qualidade com o produto australiano ou japonês. Atualmente o rebanho nacional de Wagyu soma 7 mil exemplares puros de origem e 40 mil, considerando cruzamentos, conforme dados da Associação Brasileira de Criadores de Wagyu.