O deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) anunciou, nesta sexta-feira, que pretende buscar assinaturas para que a Câmara instale a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Programa Mais Médicos. De acordo com ele, é preciso averiguar as denúncias de irregularidades e falta de transparência no acordo firmado entre Brasil e Cuba, que possibilitou a contratação de mais de 8 mil médicos do país caribenho para atuar em regiões do país onde havia falta de pessoal. Goergen comentou a medida durante o 4º Congresso do Movimento Brasil Livre, em São Paulo.
Na semana passada, o Ministério da Saúde Pública de Cuba anunciou a saída do programa, motivada pela promessa do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de mudar as regras da seleção, exigindo de estrangeiros a revalidação do diploma.
Para o deputado gaúcho, a profusão de denúncias de irregularidades deve ser elucidada no Congresso. “Primeiro há um rompimento unilateral do contrato e a retirada às pressas dos primeiros médicos. Depois vêm à tona uma série de telegramas secretos mostrando que a iniciativa partiu do governo cubano, retirando do Congresso Nacional qualquer forma de validação e análise do convênio. Agora, fala-se em lavagem de dinheiro, uma garantia para que Cuba pudesse honrar os empréstimos do BNDES para a construção do Porto de Mariel. Ou seja, a história só piora”, defendeu o progressista.
Contudo, devido à proximidade do fim da atual legislatura, o deputado reconhece que instalar a CPI ainda em 2018 é praticamente impossível. No entanto, Goergen entende que é preciso manter o Congresso mobilizado. “A tese foi lançada e já temos o apoio de muitos colegas novos. Essa investigação será uma realidade muito em breve”, projetou. Para que uma CPI seja criada na Câmara, ele precisa de pelo menos 171 adesões entre os 513 parlamentares. A justificativa do requerimento pede, ainda, que a forma como os médicos eram pagos também seja investigada.