PSL apela por mais espaço e interlocução no governo

Presidente eleito Jair Bolsonaro esteve na reunião por pouco mais de 10 minutos

Senador eleito Major Olímpio defendeu a candidatura de Luciano Bivar à presidência da Câmara. Foto: Arquivo/Agência Brasil

Na primeira reunião da bancada do PSL com os novos senadores e deputados eleitos, realizada hoje em Brasília, o tom foi de desabafo e apelos por mais espaço e interlocução no futuro governo. Paralelamente, o presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE), foi lançado pelo senador eleito Major Olímpio (PSL-SP), o mais votado de São Paulo, como candidato da legenda à presidência da Câmara.

O presidente eleito esteve na reunião por pouco mais de 10 minutos. Jair Bolsonaro cumprimentou os parlamentares e passou a visão dele sobre o encaminhamento das questões do Congresso e a relação entre o Legislativo e o Executivo.

“A governabilidade será pautada por critérios mais republicanos entre o governo federal e o Congresso Nacional”, disse o deputado eleito Marcelo Álvaro Antônio (PSL), o campeão de votos em Minas Gerais.

Ciúme
Durante a reunião, alguns parlamentares queixaram-se do espaço ocupado pelo Democratas (DEM) na equipe do presidente eleito, com a confirmação de três ministérios. Segundo os parlamentares, o futuro presidente disse que os nomes foram escolhidos pela competência, e não pelo partido. “Não sei se ciúme é uma palavra certa na política”, afirmou Major Olímpio, buscando amenizar o mal-estar entre PSL e DEM.

Os deputados e senadores eleitos reclamaram ainda das dificuldades de interlocução com a equipe de transição do governo Bolsonaro. O Major Olímpio contou que a senadora eleita Soraya Thronicke (PSL-MS) “ficou sabendo pela imprensa” que a deputada federal Tereza Cristina (DEM), do estado dela, havia sido escolhida para o Ministério da Agricultura.

Indicando que pretende lançar-se a líder do PSL, a deputada eleita Joice Hasselmann (SP), afirmou que o partido vai trabalhar também para formar um “blocão” e não ficar na dependência dos parlamentares do chamado “centrão”, base de apoio de Bolsonaro.

Candidatura
Segundo o deputado Marcelo Álvaro Antônio, o PSL está discutindo internamente, e com outros partidos, a disputa pelo comando da Câmara. O atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), trabalha para se manter no cargo por mais dois anos.

“Não tem nada definido, se teremos candidato ou não à presidência da Câmara, no PSL”, disse o parlamentar mineiro. “Ele [Bolsonaro] já sinalizou que prefere dar oportunidade a outro partido”, completou.

Porém, ao final da reunião, Major Olímpio, que termina em janeiro o mandato de deputado federal, defendeu que o PSL apoie o nome de Bivar na corrida pela presidência da Câmara. “Somos eternamente gratos ao Bivar”, disse. De acordo com Olímpio, o presidente do PSL “mostrou desprendimento ao deixar a presidência [do partido] para acolher a todos nós.”

O nome de Bivar teve ressonância entre os parlamentares eleitos, como o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS). “A eleição de Luciano Bivar é prioridade da bancada.”

Espaço
Segundo os defensores da candidatura própria do PSL, o partido vai se esforçar para aumentar a bancada no Congresso e buscar mais espaço. A sigla elegeu 52 deputados, porém, os próprios parlamentares dizem que a bancada deve chegar a 61.

O cálculo se baseia na janela partidária, que vai favorecer a migração dos parlamentares de siglas que não atingiram a cláusula de desempenho.

“Temos o máximo respeito por outros partidos, mas sabemos que vai ter janela partidária. Nós faremos respeitosamente convite a parlamentares que tenham alinhamento ideológico [com o PSL]”, disse Major Olímpio.