Presidente da Câmara Municipal de Santo Augusto, o vereador Douglas de Almeida Bertollo (PPS) corre risco de cassação e de expulsão da legenda após ter proferido palavras de baixo calão durante a sessão dessa segunda-feira. A única vereadora da Casa, Dione Sperotto (MDB), acionou o departamento jurídico para tentar levar a plenário um processo de quebra de decoro. A Câmara de Santo Augusto, no Noroeste gaúcho, conta com nove parlamentares, oito deles homens. As sessões plenárias ocorrem sempre nas segundas à noite.
Na noite passada, Bertollo afirmou, da tribuna, em meio a um debate: “a única inconstitucionalidade que eu vejo é no meu ovo esquerdo, que tá meio inchado hoje”.
À frente da Mesa Diretora, o vereador Horácio Dornelles (PDT) suspendeu a sessão. Vaiado pelo público, Bertollo precisou de escolta para deixar o prédio. As discussões foram retomadas nesta terça-feira.
O vereador empregou o termo quando os parlamentares discutiam uma proposta encaminhada pela Prefeitura sobre alienação de bens. A vereadora Dione argumentou que não havia como votar, antes de 48 horas, uma emenda que Bertollo protocolou, restringindo a venda de determinados bens. De acordo com ela, após ter indicado a irregularidade de trâmite, Douglas de Almeida Bertollo a ofendeu, da tribuna.
“Foi uma atitude impensada deste menino. Lamentavelmente, ele me ofendeu, assim como as mulheres que estavam na plateia. A atitude foi homofóbica, machista e fascista. Estamos fazendo um estudo jurídico para apontar a falta de decoro parlamentar, que pode acabar com a cassação do mandato dele”, ressalta.
Procurado pela reportagem, Bertollo afirmou que não se arrepende e não teme ser punido pela Câmara ou pelo PPS. “Mas olha tchê, até agora, as manifestações dos companheiros foram até favoráveis. Na verdade, eu falei coisas até muito mais pesadas, mas o pessoal acabou pegando esse trecho, especificamente. O pessoal não acompanha muito as sessões de Santo Augusto e certamente algumas devem ter estranhado”, rebate.
Ao tomar conhecimento da conduta, o presidente estadual do PPS, César Baumgratz, criticou o comportamento do vereador e adiantou que medidas serão tomadas internamente. “A gente recebe com uma certa tristeza essa informação, mas há dois fóruns de competência para apurar a questão. Primeiro, a própria Câmara vai apurar a quebra de decoro parlamentar. Em relação ao PPS, nós também temos um Código de Ética, que vai analisar se esse fato realmente atenta contra a moralidade do partido, o que a princípio parece proceder. Vamos verificar e adotar as nossas providências”, adverte.