Município de Chapada terá que alterar Lei Orgânica se médico cubano aceitar Secretaria da Saúde

Convite para que profissional assuma Pasta aconteceu após governo cubano anunciar que sairá do Mais Médicos devido aos ataques do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL)

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O prefeito do município de Chapada, no Norte do Rio Grande do Sul, deve ter nesta semana a resposta do médico cubano Richel Collazo sobre o convite para que o profissional assuma a Secretaria da Saúde. Caso o médico aceite, os vereadores terão que alterar a Lei Orgânica do município. O artigo 59 da lei diz que “os Secretários Municipais, auxiliares do Prefeito, de sua livre nomeação e exoneração, serão escolhidos entre brasileiros, maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos”.

Segundo o prefeito Carlos Alzenir Catto (PDT), a alteração da lei máxima do município tem o apoio dos vereadores. “Eu já vi com o Jurídico e nós vamos ter que alterar a nossa Lei Orgânica e isso é uma iniciativa da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores. Já conversei com o presidente da Câmara para fazer um projeto para alterar: suprimir a palavra ‘brasileiros’ ou para incluir ‘brasileiros e estrangeiros’, porque a nossa Lei Orgânica, do jeito que está, não permite. Então, nós vamos alterar a lei. Aí sim, não terá problema nenhum de nomear”, explicou o chefe do executivo de Chapada.

O convite para que o profissional assuma a Secretaria da Saúde aconteceu após o governo cubano anunciar que sairá do Mais Médicos devido aos ataques do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ao programa do governo federal. Os profissionais devem deixar o Brasil até o final deste ano.

Apesar dos entraves burocráticos e políticos, o prefeito acredita que o profissional ficará no município. “Ele fica como médico até os 47 minutos do segundo tempo. Mas aí, se ele aceitar, a vontade nossa é de nomeá-lo como secretário. Eu acho que ele vai assumir”, afirmou Catto.

O prefeito informou, ainda, que recebeu uma ligação da prefeita Rita Rodrigues (MDB) do município de Liberdade, em Minas Gerais. “Ela tomou conhecimento, através da imprensa, da nossa decisão e ela, também, está inclinada a fazer o que fizemos aqui para segurar o médico cubano”, relatou.

Conforme o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Consems-RS), 384 cidades gaúchas fazem parte do programa, gerido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). De um total de 1.310 médicos conveniados ao programa, 625 são cubanos, 390 intercambistas de outros países e 186 estrangeiros com registro no Brasil. Outras 109 vagas estão em aberto. A projeção inicial é de que, com o retorno dos profissionais caribenhos, fiquem desassistidos cerca de 2,5 milhões de pacientes no RS.