Bolsonaro projeta parcerias com a Hungria após ligação de premiê de extrema direita

Presidente eleito comentou que o Brasil não sabe o que é ditadura, referindo-se ao antigo regime comunista do país europeu

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente eleito Jair Bolsonaro conversou hoje à tarde por telefone com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. O primeiro-ministro está no posto desde 2010 e integra o Fidesz, partido de extrema direita que detém, hoje, a maior bancada de deputados no país europeu. Orbán é alvo de críticas principalmente pelo política anti-migratória.

Bolsonaro disse que recebeu o telefonema para parabenizá-lo pela vitória nas eleições de outubro. Orbán também manifestou, segundo o presidente eleito, a intenção de comparecer à posse em 1º de janeiro. “Ele está muito feliz com a nossa eleição”, disse Bolsonaro, na portaria do condomínio onde mora na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ao voltar de uma agência bancária.

O presidente eleito falou sobre a possibilidade de firmar futuras parcerias com a Hungria. Ao descrever o país do Leste Europeu, ele ressaltou os impactos do regime socialista e destacou que o brasileiro “não sabe” o que é ditadura por que não houve ditadura no Brasil.

“A Hungria é um país que sofreu muito com o comunismo no passado, tem um povo que sabe o que é ditadura. O povo brasileiro não sabe o que é ditadura aqui ainda. Não sabe o que é sofrer nas mãos dessas pessoas.”

Violações
Em setembro, o Parlamento Europeu acionou pela primeira vez o Artigo 7º do Tratado da União Europeia e recomendou a instauração de um procedimento disciplinar contra a Hungria por violações graves a direitos de imigrantes e por ignorar regras da democracia. O artigo prevê, como sanção máxima, a suspensão dos direitos de voto do Estado-membro.

Questionado sobre essa situação, Bolsonaro afirmou que a Europa está sofrendo com a imigração desordenada. Ele também criticou a Lei de Migração aprovada no ano passado no Brasil. “Eu fui contra essa última Lei de Migração. Ela transformou o Brasil em um país sem fronteiras. Não podemos permitir a entrada indiscriminada de quem quer vir para cá. Se essa lei continuar em vigor, qualquer um pode entrar aqui e chega aqui com mais direitos do que nós.”

O presidente eleito também comentou o embate entre organizações não-governamentais (ONGs) e o governo da Hungria, sinalizando como pretende abordar a questão durante o mandato. Em agosto, ONGs húngaras denunciaram que o governo de Orbán vem deixando refugiados passarem fome para afugentá-los do país.

“Se são não-governamentais porque receber dinheiro do governo? [No Brasil] empresas públicas não vão financiar ONGs para fazer campanha contra os interesses nacionais”, disse.