RS pode perder mais de 600 médicos cubanos; prejuízo é maior em cidades pequenas

Em Chapada, prefeito convidou profissional caribenho para assumir a Secretaria Municipal da Saúde

Após o anúncio do governo cubano de deixar o programa Mais Médicos, municípios pequenos, no interior do Rio Grande do Sul, fazem rearranjos para minimizar o prejuízo. Conforme o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Consems-RS), 384 cidades gaúchas fazem parte do programa, gerido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). De um total de 1.310 médicos conveniados ao programa, 625 são cubanos, 390 intercambistas de outros países e 186 estrangeiros com registro no Brasil. Outras 109 vagas estão em aberto. A projeção inicial é de que, com o retorno dos profissionais caribenhos, fiquem desassistidos cerca de 2,5 milhões de pacientes no Rio Grande do Sul.

Em Espumoso, no Norte do RS, quatro profissionais cubanos fazem parte do programa. Há três médicos brasileiros, mas que fazem cargas horárias reduzidas para cobrir as folgas dos contratados pelo Mais Médicos. A secretária da Saúde do município, Marileisa Valandro, confirmou que a Prefeitura cancelou a inauguração de um posto de saúde, prevista para os próximos dias, por conta do cancelamento do programa. “O impacto é muito, muito grande para nós. Vamos atrasar e não temos ainda a perspectiva para abrir a unidade”, sustenta.

Já em Tio Hugo, o impacto vai ser direto no atendimento a pacientes com a saída de uma médica cubana que trabalha no município. Segundo a secretária da Saúde, Ana Lúcia da Silva, o atendimento prestado pela profissional na unidade básica de saúde é excelente. “Com certeza teremos problemas com a saída dela”, lamenta. Além da médica cubana, dois brasileiros com carga horária reduzida atendem na rede pública.

Em Chapada, o prefeito tomou uma decisão radical após o anúncio do governo cubano. O chefe do Executivo, Carlos Alzenir Catto, convidou Richel Collazo, médico cubano, para assumir a Secretaria Municipal da Saúde. Em nota, a Prefeitura explica que o convite ocorre com base “na capacidade e no profissionalismo já demonstrado pelo profissional em nosso município”.

O Ministério da Saúde anunciou seleção de médicos brasileiros ainda em novembro. Mais de 8,3 mil vagas ficarão em aberto após saída dos cubanos, até o Natal.