Palco da execução de um paciente por engano, na madrugada de hoje, o Hospital Centenário, em São Leopoldo, confirmou, em nota, que o alvo real do atentado, um detento de 28 anos, deixou a casa de saúde, de maneira voluntária, ainda no meio da tarde. Ferido a bala na quarta-feira, ele se recusou a seguir recebendo o tratamento de saúde, mesmo orientado sobre o risco de complicações da situação clínica.
O Centenário salienta que é constitucional o direito do paciente de optar pela interrupção do tratamento. Além de comunicar os órgãos de segurança sobre a saída dele, o hospital informou que, por medida de precaução, solicitou a permanência, por mais 24 horas, de um efetivo da Brigada Militar na casa de saúde. Na noite desta sexta, a assessoria do Centenário relatou que havia guardas municipais em frente ao hospital e que um ofício da BM assegurou a realização de rondas ostensivas pela região.
Internado na ala de onde o detento havia sido transferido ontem, após receber ameaças, o jovem Gabriel Minossi, de 19 anos, morreu assassinado com 20 disparos, perto das 4h. Ele havia se envolvido em um acidente de moto. Ambos chegaram a ficar no mesmo quarto, na ala cirúrgica, antes da transferência do preso. A tia de Gabriel presenciou o crime, que deixou mais dois feridos, um paciente e a cuidadora do jovem.
Egresso da Penitenciária de Charqueadas, o detento havia progredido para o regime semiaberto. Sem vagas no sistema prisional e ainda sem tornozeleira eletrônica, ele sofreu emboscada, na quarta-feira, em uma oficina mecânica na vila Brás, e matou um dos desafetos, o que pode explicar a tentativa de revanche dentro do hospital.
Esse é o segundo assassinato registrado no Centenário desde 2014. Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, foram 11 assassinatos, em cinco anos, em hospitais gaúchos.