Ao sair do condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e se deslocar até uma agência do Banco do Brasil, na tarde de hoje, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) teve de enfrentar uma manifestação. Um grupo de pouco mais de 20 funcionários da Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi) tentou conversar com ele para pedir que o órgão seja mantido no Rio Janeiro e não transferido para São Paulo.
Sem sucesso, os manifestantes deixaram o documento com as denúncias e reivindicações na recepção do condomínio para ser entregue a Bolsonaro. Não houve confusão nem tumulto na abordagem ao veículo do presidente eleito.
Bolsonaro deixou a residência em comboio formado por quatro carros, com escolta da Polícia Federal, retornando pouco tempo depois.
Protesto
Criado em 1996, a Cenadi é vinculada ao Ministério da Saúde. A atribuição da Central é distribuir vacinas, kits para diagnósticos e praguicidas vinculados ao Programa Nacional de Imunizações. O órgão também é responsável pelo monitoramento da entrada no país dos imunobiológicos comprados pelo governo brasileiro no exterior.
De acordo com os manifestantes, a Cenadi funciona nas dependências de um quartel do Exército, na zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo eles, o Ministério da Saúde estuda transferir a estrutura para São Paulo, preparando-se para a terceirização da mão de obra. De acordo com os funcionários, a mudança pode provocar mais de 200 demissões.
Os funcionários dizem que a transferência para São Paulo vai criar dificuldades logísticas, pois as análises das vacinas ocorrem na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sediada no Rio de Janeiro. Eles advertem ainda que a empresa ganhadora da licitação para operar as atividades de São Paulo, chamada Voetur, teve três dos sócios denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por pagamento de propina para obterem benefícios e contratos, em janeiro deste ano.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que foi firmado, em junho deste ano, o contrato para transferência da unidade de armazenagem de medicamentos e de insumos do Rio de Janeiro para São Paulo. Segundo o ministério, o processo segue os trâmites previstos em lei, cujos objetivos são modernizar a infraestrutura, aprimorar a qualidade dos serviços de logística, tornar a distribuição de medicamentos e insumos de saúde mais eficiente, além racionalizar custos.
De acordo com o ministério, as mudanças vão reduzir os gastos, já que o novo contrato é da ordem de R$ 97 milhões por ano, um valor muito inferior ao que o Ministério da Saúde gasta atualmente (cerca de R$ 200 milhões). Não há referências a demissões nem exonerações na nota enviada pelo órgão. “Quanto aos demais empregados, estes são de responsabilidade da empresa terceirizada que gerencia esses trabalhadores”, detalha a nota.