Os relatos de agressões contra professores estão cada vez mais comuns em Porto Alegre. Em 14 dias, nove docentes foram vítimas de ataques por familiares dos alunos. Os servidores foram agredidos fisicamente – com socos, empurrões e por móveis – e também verbalmente, com ataques, inclusive, racistas e homofóbicos.
O último caso aconteceu na tarde de quarta-feira, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint Hilaire, na Lomba do Pinheiro. A mãe de uma aluna agrediu cinco professores. De acordo com o diretor Angelo Alexandre Marcelino Barbosa, a mulher atirou mesas, cadeiras e a própria bolsa contra os docentes, além de dar tapas e arranhar os professores. A mãe da aluna também ameaçou um dos servidores e o atacou verbalmente.
“Um professor sofreu ameças, injúrias raciais, injúrias homofóbicas”, relatou na manhã desta quinta-feira o diretor. Ele conta ainda que quando os professores questionaram a mulher se aquilo era uma ameaça, ela confirmou. “Disse que sim e que pessoas morrem todos os dias”, acrescentou Barbosa.
O ataque aconteceu após a filha dela e outros nove alunos não participarem de um passeio organizado pela escola. Na data combinada para a entrega das autorizações, os estudantes não teriam levado o papel. “Eles chegaram no dia do passeio com a autorização, mas não tínhamos como incluir eles. A vice-diretora explicou a situação e que eles não poderiam ir”, explicou.
Uma das alunas ligou chorando para a mãe, que foi até a escola e cometeu os ataques. A mulher foi detida pela Brigada Militar e encaminhada à Delegacia de Polícia para prestar depoimento.
Devido às agressões, as aulas foram suspensas nesta quinta-feira. Os professores se reuniram para conversar e traçar medidas para “seguir em frente”. Durante a tarde, devem se encontrar com uma equipe da Secretaria Municipal de Educação (Smed). A instituição de educação tem 1,2 mil estudantes.
Projetor é arremessado contra professora
No fim da tarde de terça-feira, uma professora da Escola Municipal de Educação Infantil Vila Elizabeth, no bairro Sarandi, foi agredida após uma palestra sobre comportamento infantil, realizada no local para os pais dos alunos.
Após o evento, a mãe de uma das crianças da instituição acusou uma professora de ter agredido seu filho, de 4 anos. Os familiares dos demais alunos defenderam a docente, falando que o caso não teria ocorrido. Segundo a Smed, a mãe estava multo alterada e depois de ter agredido verbalmente a professora, arremessou um projetor contra a docente. O aparelho não chegou a acertar a vítima. A Smed explicou que o caso da família está sendo acompanhado há tempos pelo Conselho Tutelar e pelo Ministério Público.
Diretora agredida após aguardar por 40 minutos mãe de aluno
Também na terça-feira, a diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Vera Cruz, no bairro Glória, foi vítima de agressão. A mãe de dois alunos, que estudam no 1º e 2º ano, agarrou pelo braço a coordenadora pedagógica – que aguardava há 40 minutos a mulher que estava atrasada para buscar as crianças.
Quando chegou à escola, a mãe foi reprendida pela professora por não ter comunicado o atraso. Ofendida, a mulher segurou a diretora pelo braço e a puxou, arranhando a vítima. Segundo uma professora da escola que não quis se identificar, um rapaz, que passava pela rua, apartou a briga.
No dia 31, uma docente foi agredida pela irmã de uma aluno da Escola Municipal Grande Oriente do Rio Grande do Sul, localizada no bairro Rubem Berta. A servidora, de 59 anos,foi atacada na entrada da instituição após chamar os alunos da noite para a sala de aula. Ela teve os dentes quebrados.
Já no dia 24, outra professora, que trabalha na Escola Municipal Afonso Guerreiro Lima, na Lomba do Pinheiro, foi alvo de socos e chutes desferidos pela irmã de um estudante, que é ex-aluna do colégio. O diretor Samuel Martins explicou que um aluno, de 14 anos, com histórico de problemas comportamentais, havia sido encaminhado à direção, por questões disciplinares. Ele retornou à escola acompanhado da irmã. Ao encontrar a professora no saguão, a jovem a agrediu e ameaçou a direção. A servidora, que não teve o nome revelado, precisou ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que a levou para o Hospital de Pronto Socorro (HPS).