“Sou contra o Bolsonaro” e “Lamento que a Janaína [Paschoal] tenha aderido ao partido do ex-Capitão”. Essas foram algumas das frases ditas pelo jurista Miguel Reale Jr. na manhã desta quarta-feira em encontro com jornalistas antes de participar da reunião-almoço Tá na Mesa, promovida pela Federasul. Ao lado de Janaína, o jurista foi um dos autores do processo de impeachment que cassou o mandato da ex-presidente da República Dilma Rousseff em agosto de 2016.
Reale Jr. disse é contra Bolsonaro por ele ter se manifestado favoravelmente às ações de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel do Exército conhecido pelas torturas durante o Regime Militar. “A primeira manifestação no Senado que eu fiz, logo depois da votação do impeachment na Câmara foi de desagravo ao Bolsonaro pelo voto dele [no processo] homenageando o Ustra. Lamentando que o impeachment que nós tínhamos apresentado servisse de oportunidade para homenagem ao major Ustra. Fiz isso por ter sido presidente da Comissão de mortos e desaparecidos políticos e ter visto cenas das torturas que tinham sido realizadas por Ustra”, explicou o jurista.
Reale Jr. foi questionado, ainda, sobre a aceitação do juiz federal Sérgio Moro em assumir o Ministério da Justiça no governo e Jair Bolsonaro a partir de janeiro. O jurista disse que não tem opinião pessoal sobre o tema, mas apenas sobre algumas propostas pensadas pelo presidente eleito, como a redução da maioridade penal no Brasil. “O número de menores envolvidos em crimes mais graves é muito pequeno perto do número de menores que passam necessidades nesse País”, afirmou.
Sobre o impeachment de Dilma, Reale disse “se não tivesse tido o impeachment, o País quebrava” e que o Brasil teve sorte de ter a equipe econômica de Michel Temer para melhorar a situação econômica.
Além de Reale Jr., também participou da palestra e da conversa com os jornalistas o desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF3), desembargador Fábio Prieto. O desembargador criticou a grande interferência do judiciário e afirmou que o parlamento precisa ser fortalecido. “É preciso reorganizar o judiciário e isso não é uma questão ideológica. Essa questão das regras do jogo não é uma questão partidária. A experiência mostra é que a estrutura que mais ou menos opera bem é com os tais três poderes e cada um fazendo a sua parte”, comentou Prieto.
Na palestra, os convidados da Federasul falaram sobre os reflexos da judicialização no Brasil e também fizeram uma análise de como o mercado financeiro e a comunidade internacional veem a justiça brasileira.