Eduardo Leite: “Se não entregarmos resultados, não tem como defender a democracia”

Após maratona de encontros com bancadas, governador eleito expôs argumentos sobre projetos do ICMS e de reajustes de servidores

No mês passado, Leite já havia se encontrado com bancada do PT | Foto: Eliane Silveira / Especial / CP

O governador eleito, Eduardo Leite (PSDB), utilizou frases fortes para definir o objetivo final da maratona de reuniões que solicitou com integrantes de bancadas aliadas e de oposição na Assembleia Legislativa. No início da tarde, após o término da reunião com a bancada do PT, que encerrou encontros realizados pela manhã também com as bancadas do PSB, PDT e MDB, Leite destacou: “Se não entregarmos resultados, não tem como defender a democracia. Se a democracia não for capaz de produzir resultados concretos para a população, fica difícil defender o regime democrático perante ela. Ela quer resultados”, sintetizou.

O tucano também lançou mão do conceito de democracia quando questionado sobre quais as afinidades possuía com a bancada petista. “O valor que nos une é o respeito com a democracia. A democracia é fundamental, vivenciamos um processo eleitoral em que os ânimos se acirraram e houve, no trato da política, como tentativa, de um lado querer exterminar o outro. Não concordamos com essa prática política e esse parece ser um ponto que nos une.” Na sequência, Leite voltou a dizer que não deseja dialogar só com quem concordar com as propostas de governo.

Em todas as reuniões, o governador eleito expôs argumentos em favor da manutenção das alíquotas majoradas do ICMS e contrários ao reajuste dos servidores do Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, neste momento. Os projetos de reajustes devem ir a votação na próxima semana. O texto de manutenção das alíquotas de ICMS está sendo finalizado pela equipe de Leite e vai ser encaminhado pelo governador José Ivo Sartori (MDB).

Após o encontro, o vice-líder da bancada do PT, deputado Luiz Fernando Mainardi, confirmou que Leite realizou dois pedidos. “Para que as despesas se mantenham estáveis, portanto sem reajustes para os demais poderes, e para que nós avaliássemos a possibilidade de renovar por mais dois anos as atuais alíquotas do ICMS.” Sobre os reajustes, o petista assinalou que a bancada já fechou posição, favorável, como ocorre com grande parte dos parlamentares. “Estamos tratando de recuperação de salários de 2015 e não são os mais altos salários”, justificou. Sobre o ICMS, Mainardi lembrou que o PT votou contra a majoração em 2015, mas ressalvou que agora discute o tema e que pode haver a construção de uma proposta.

Após a reunião com os parlamentares emedebistas, o líder da bancada, deputado Álvaro Boessio, disse que os deputados estão divididos sobre os temas ICMS e reajuste de servidores. Mas assinalou que, no caso dos servidores, a maioria deve votar favoravelmente ao aumento. Ele destacou ainda que na reunião os deputados sondaram o governador eleito a respeito da possibilidade de uma nova tentativa de alteração no repasse do duodécimo aos demais poderes, mas que ele não se comprometeu a avançar sobre o tema. O governo atual tentou a mudança, mas a chamada PEC do Duodécimo acabou rejeitada na Assembleia em 2016.

Após as reuniões com as bancadas, Leite teve uma agenda fechada envolvendo o Judiciário e, na sequência, seguiu para o Rio de Janeiro, onde concede entrevistas ainda hoje. Amanhã, vai para São Paulo, onde participa de encontro dos governadores do PSDB. E, na sexta, retorna. Entre sexta e a próxima semana, o tucano dá continuidade às reuniões com as bancadas da atual legislatura. Também nas próximas semanas ele pede encontros com presidentes de partidos no Rio Grande do Sul.