Forças Armadas vão fazer parte da política nacional, declara Bolsonaro

Presidente eleito disse que Defesa vai ser mais um superministério

Rio de Janeiro - Apresentação de tropa das forças armadas que atuarão nos jogos olímpicos e paralímpicos Rio 2016 ,no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, incluiu hoje, pela primeira vez, o Ministério da Defesa entre os três superminstérios de futuro governo – os dois outros são o da Justiça e o da Economia. “A Defesa é um outro superministério. As Forças Armadas vão sim fazer parte da política nacional. Não vão ser relegadas como nos governos de Fernando Henrique e do PT”, anunciou, em entrevista coletiva para emissoras de televisão.

Bolsonaro também deu outros detalhes sobre a estrutura do futuro governo. Disse que o ministérios da Agricultura e Meio Ambiente deverão mesmo ficar separados, mas avisou que ele vai escolher os dois titulares. “Não vão ser as ONGs”, afirmou, referindo-se à pasta do Meio Ambiente. Ele se disse “pronto para voltar atrás” neste caso porque, primeiramente, relatou, o setor rural defendeu de forma unânime a união dos dois ministérios, mas depois se dividiu, por entender que a fusão prejudica o agronegócio no exterior – onde é exigido dos exportadores o cumprimento de normas ambientais.

O presidente eleito também anunciou que o ensino superior sai do âmbito do Ministério da Educação e passa a ser administrado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. “Não temos nenhuma das nossas universidades entre as melhores do mundo e o nosso Marcos Pontes vai dar um gás especial para essa questão aí”, afirmou.

Perguntado se pretende investir mais nas universidades, disse que não. “Pelo contrário, nós queremos investir mais no ensino básico e médio”. Provavelmente, relatou, o governo deve ter até 17 ministérios – hoje são 29.

Economia e reforma
Jair Bolsonaro também voltou a dizer que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, vai ter “carta branca” para escolher nomes e para administrar a pasta, que engloba a Fazenda, o Planejamento e a Indústria e Comércio. Sem citar nomes, disse que há “gente boa” no governo Temer que pode ser aproveitada por Guedes. Bolsonaro reafirmou os compromissos da equipe econômica com as metas de inflação, juros, câmbio e com a reforma da Previdência.

Sobre votar ou não a proposta de reforma agora, ele disse que isso depende de saber se vai haver quórum, já que o Congresso está esvaziado após a eleição. Ele considerou aproveitar “alguma coisa” do que está aprovado na Comissão especial da Câmara, mas voltou a defender especificidades para aposentadoria de diversas categorias – inclusive os militares. Mas disse ser necessária e urgente a reforma da Previdência. “Se ficarmos sentados olhando para o céu, vamos correr o risco de virar uma Grécia”, comparou.

Bolsonaro defendeu também a desburocratização do Estado para favorecer empreendedores e uma fiscalização que seja amigável. Também defendeu que a Petrobras faça parcerias para investir mais. Anunciou, por fim, que vai avalizar o acordo Boeing-Embraer.

Exterior
Ele se disse ainda aberto a conversar, inclusive já na próxima semana, quando vai a Brasília, com representantes da China e de outros países que querem negociar com o Brasil. “Vamos fazer negócios sem viés ideológico”, avisou.

Bolsonaro afirmou não ver “clima pesado ou problemas” em mudar a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. “Não é problema de vida ou morte, respeito os judeus e o povo árabe”. Ele disse que esses assuntos serão tratados pelo futuro ministro das Relações Exteriores.