“Triste é o país que tira como seu inimigo principal o professor”, lamenta presidente do Cpers

Helenir Schürer conversou com a Rádio Guaíba sobre as acusações de doutrinação que professores vem recebendo

Professora Helenir Schürer. Foto: Divulgação/CP

A presidente do Cpers Sindicato, Helenir Schürer, declarou, nessa manhã, à Rádio Guaíba que “triste é o país que tira como seu inimigo principal o professor”. Ela se manifestou ao ser questionada sobre as acusações a profissionais da área de estarem “doutrinando” alunos em sala de aula. Nos últimos dias, movimentos denunciando supostas manifestações políticas em ambiente escolar se proliferaram pelas redes sociais, preocupando os professores.

“Essas manifestações nos causam preocupação”, disse Helenir, ao acrescentar que “o próprio presidente eleito incentivou alunos a gravarem as aulas.” Conforme Helenir, esse comportamento de ‘caça às bruxas’ é reflexo da “procura por culpados de tudo que se vivencia na sociedade”, mas de forma “extremamente equivocada.” Ainda de acordo com a docente, “fazer discussões onde o aluno tenha condições de refletir e elaborar o pensamento crítico é a razão da nossa missão.”

A presidente do Cpers ainda reforça que os professores sabem, com clareza, das atribuições e limitações do ofício. A dirigente reitera que não é “papel do professor criticar ou apoiar candidatos em sala de aula”, mas relembra que é impossível dar aula sobre determinados conceitos históricos, por exemplo, e não citar determinados termos e significado de cada um. “Tivemos o caso de uma professora cuja mãe de aluna registrou boletim de ocorrência por ela ter falado sobre capitalismo e comunismo em uma aula sobre regimes políticos. A mãe classificou como doutrinação”, lamentou.

“Nós estamos nesse processo desde 1990, quando começou o processo de demonização do servidor público, agora chegou no professor”, prosseguiu a professora. “Temos que ter cuidado com as palavras que vamos falar para não gerar dupla interpretação, cada frase pode ser mal interpretada. Teremos tempos duros, não temos dúvidas disso”, disse ainda. “Apesar de 35 meses de salários atrasados, desvalorização, falta de estrutura, estamos no magistério por amor. Não amor devocional, porque somos profissionais. Mas aqueles que não fazem por paixão de educar já buscaram outra profissão”, encerrou.

Cpers deseja dialogar com novo governo

Além disso, Helenir afirmou que a categoria pretende dialogar com o novo governador eleito, Eduardo Leite. “Nós temos posição de buscar o diálogo independente de quem for o governo. Eu tenho dito que esse (Sartori) foi o pior governo que já tivemos, Eduardo Leite fez o debate do Cpers, no segundo turno, nos recebeu. Estamos na expectativa de que tenhamos diálogo, mesmo que saibamos que teremos enfrentamento”, ponderou.