Porto Alegre: criminosos ofereciam perfumes a idosas que caíram em golpe

Polícia vai examinar se frascos continham substância psicoativa

Foto: Polícia Civil / Divulgação

A Polícia Civil suspeita que criminosos ofereciam perfumes com substâncias psicoativas para confundir idosas e aplicar um golpe em estúdios fotográficos, no Centro de Porto Alegre. As mulheres, entre 60 e 70 anos, relataram à Polícia que eram convencidas a fazer um book fotográfico e que, durante a produção das imagens, os criminosos as ofereciam perfumes. Ao fim do processo, eram coagidas e ameaças pelo grupo.

O fato chamou a atenção dos investigadores, que apreenderam, nesta terça-feira, durante operação nos estúdios, alguns frascos de perfume. As substâncias serão encaminhadas ao Instituto-Geral de Perícias para análise.

Na ação, batizada de 15×21, que cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em seis empresas, foram recolhidos também documentos, talonários, comprovantes de pagamentos com cartão de débito e crédito, extratos, anotações contábeis, mídias, computadores, fotos de idosas, cartazes e material de produção de imagens, como adereços, roupas, bijuterias e kits de maquiagem.

Em três salas unidas entre si no mesmo andar de um prédio na rua Doutor Flores, por exemplo, os agentes encontraram farto material que vai ser analisado e servir de prova. Havia duas mulheres no local.

Golpe

As vítimas eram abordadas nas ruas – principalmente na Doutor Flores, Andradas e Voluntários – e aliciadas a comparecer a estúdios fotográficos com o objetivo de fazerem books e ganharem até brindes, como maquiagens e perfumes. Após a produção das imagens, elas eram proibidas de deixarem os locais sem pagarem uma quantia em dinheiro acima do normal para esse tipo de serviço. Em caso de resistência, as idosas eram ameaçadas e obrigadas a entregarem cartões de créditos e de banco. Pelo menos 33 vítimas já foram identificadas, com um prejuízo somado de cerca de R$ 50 mil.

A delegada Larissa Fajardo explicou que as investigações começaram em agosto do ano passado após ser constatado um aumento no número de denúncias. “Em 2017, uma ocorrência do golpe contra idosas era registrada por mês. Atualmente é uma por semana”, observou. Uma única vítima perdeu em torno de R$ 4,5 mil.

Algumas das funcionárias encontradas na manhã de hoje nos estúdios fotográficos admitiram a prática de golpe. “Elas confirmaram o aliciamento nas ruas”, disse.

Com a divulgação da operação policial existe a expectativa de que o número de vítimas seja ainda maior e que novas denúncias devam, a partir de agora, chegar à delegacia. “Alguns responsáveis pelo golpe já identificamos”, adiantou.

A delegada Larissa Fajardo revelou que um dos próximos passos do trabalho investigativo é apurar todos os envolvidos no esquema criminoso. Os participantes do golpe vão responder inquérito pelos crimes de estelionato contra idosos e extorsão.