MP aciona deputada que criou canal para denunciar professores em SC

Promotor de Justiça pediu ainda a condenação de Ana Caroline Campagnolo por dano moral coletivo

Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) entrou hoje com ação na Justiça contra a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL), que divulgou nas redes sociais um comunicado pedindo que estudantes catarineneses gravem e denunciem manifestações político-partidárias dos professores. A deputada criou um canal para receber as denúncias.

Na ação, o promotor de Justiça Davi do Espírito Santo, titular da 25ª Promotoria de Justiça de Florianópolis, requereu, entre outras medidas, que a juíza da Vara da Infância e Juventude da comarca da capital obrigue, de modo urgente, a deputada eleita a abster-se de manter qualquer modalidade de serviço formal ou informal de controle ideológico das atividades dos professores e alunos das escolas públicas e privadas do sistema de ensino do estado e dos municípios.

Foi feito também pedido de tutela antecipada para expedição de ordem judicial para que as publicações feitas por Ana Caroline sejam retiradas da rede e que o número do telefone celular indicado para recebimento de denúncias seja bloqueado.

O promotor de Justiça pediu ainda a condenação da deputada eleita por dano moral coletivo. O valor deve ser calculado com base no número de seguidores no Facebook, devido ao potencial de compartilhamento de cada seguidor. Segundo o MP, Ana Caroline soma aproximadamente 71,5 mil seguidores. O pedido é de que o valor seja multiplicado por R$ 1 mil. O montante final deve ser destinado ao Fundo para Infância e Adolescência.

De acordo com Espírito Santo, serviços de recebimento de denúncia somente podem ser realizados no âmbito do Poder Público, nunca por particulares. Ele disse que denúncias de faltas disciplinares de professores devem ser encaminhadas às secretarias de Educação, que devem apurá-las na forma da lei, respeitados os direitos à ampla defesa e ao devido processo legal, sem prejuízo de outras providências extrajudiciais e judiciais cabíveis.

Recomendação do MPF
O Ministério Público Federal em Chapecó (SC) recomendou às instituições de ensino superior da região e gerências regionais de Educação que se abstenham de qualquer atuação ou sanção arbitrária e, mesmo, que impeçam qualquer forma de assédio moral a professores, por parte de estudantes, parentes ou responsáveis pelos estudantes.

Na recomendação, divulgada ontem, o MPF considera ainda a conduta da deputada que, “além de configurar flagrante censura prévia e provável assédio moral em relação a todos os professores do estado de Santa Catarina – das instituições públicas e privadas de ensino, não apenas da educação básica e do ensino médio, mas também do ensino superior – afronta claramente a liberdade e a pluralidade de ensino”.