Um dos principais aliados do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso, o deputado federal Major Olímpio (PSL-SP) disse nesta terça-feira que não vê condições de o projeto da reforma da Previdência ser aprovado da forma como se encontra na Câmara até o fim do ano. Eleito senador da República, Major Olímpio afirmou que o assunto ainda não chegou a ser discutido entre ele, Bolsonaro e a equipe econômica, após a vitória no segundo turno das eleições, no último domingo.
Segundo o parlamentar, o próprio presidente eleito já havia se manifestado anteriormente no sentido de que não é possível votar a atual proposta de emenda à Constituição. “Uma coisa é a necessidade [de se aprovar a reforma], outra é a condição política. Metade dessa Casa já não conseguiu renovar o mandato. Então eu acho que o ânimo ou até a legitimidade para mudanças constitucionais ficou bastante comprometida e, com o espaço de tempo até o final do exercício legislativo, não vejo essa condição”, afirmou.
Major Olímpio disse manifestar uma opinião pessoal como deputado e com a “pequena experiência” que acumula. Na entrevista a jornalistas, ele apontou alguns itens da PEC 282/2016 que barraram a aprovação do texto no início do ano, antes de o presidente Michel Temer decretar a intervenção no Rio de Janeiro na área de segurança, o que impede mudanças na Constituição.
O deputado citou que o projeto excluía direitos do Benefício da Prestação Continuada e não incluía categorias ligadas à segurança como agentes penitenciários e guardas municipais, por exemplo. “Eu ouvi do próprio Jair Bolsonaro anteriormente falando da impossibilidade da votação com o conteúdo que ela está. A minha visão é de que um novo projeto que possa ser construído com o novo governo, o novo Parlamento, e aí eu não vejo dificuldades de ela ser aprovada”, afirmou.
O parlamentar disse estar na expectativa de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, colocar em pauta a flexibilização do Estatuto do Desarmamento. Na opinião dele, do jeito como está o projeto deve ser aprovado “com folga”.
Os presidentes da Câmara e do Senado também comentaram a reforma da Previdência hoje, no primeiro dia de atividades no Congresso, após as eleições. Eles disseram que cabe ao futuro Chefe do Executivo uma sinalização sobre votar o texto ainda neste ano.
Mais cedo, ao conversar com jornalistas, o indicado para o Ministério da Fazenda, economista Paulo Guedes, defendeu a aprovação da reforma da Previdência como prioridade para a economia. “Previdência é mais importante e mais rápida. Privatização é devagar e ao longo do tempo”.