Bolsonaro justifica ausência em debates dizendo que teme pela segurança

Candidato do PSL disse, ainda, que não pode mais frequentar lugares como bares, praia e o comércio, como pessoas comuns

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, afirmou hoje, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais (live) que teme pela segurança, daí a decisão de não participar de debates e evitar aglomerações. Ele se comparou com o juiz Sergio Moro dizendo que ambos perderam a liberdade para sair à rua. Bolsonaro não mencionou diretamente eventuais viagens, suspensas desde o ataque que sofreu em 6 de setembro.

Como exemplo, o candidato mencionou o fato de ter sido examinado por uma junta médica no Rio e não ter viajado para São Paulo, onde fica o Hospital Albert Einstein. “Fui aconselhado a não ir porque ao pousar em São Paulo eu teria de fazer um deslocamento e poderia sofrer um atentado e isso seria ideal para esses que estão aí [os meus adversários]”.

Em um dia em os presidenciáveis trocaram acusações sobre disseminação de fake news, Bolsonaro negou que empresários estejam financiando a divulgação de notícias falsas anti-PT via aplicativo.

“Nós não precisamos de fazer fake news para combater o Haddad. Essa história de levar indícios à Justiça. Eles não têm prova de nada”, disse o candidato. Advogados de Bolsonaro prometem notificar empresas e processar o adversário petista, Fernando Haddad. Em contrapartida, o PT ingressou nesta quinta-feira com uma ação em razão da suspeita do envio em massa de mensagens falsas.

Marcas
Vestindo uma camisa verde e amarela com as cores do Brasil, Bolsonaro transmitiu a live ao lado do filho, Eduardo, eleito por São Paulo para a Câmara Federal. Ele mostrou, pela primeira vez, os 35 pontos que levou no abdômen e a bolsa de colostomia, colocada do lado direito do corpo – ela está ligada ao intestino grosso e é usada para eliminação das fezes.

“O pessoal [do Haddad] quer que eu vá a debate. Eu posso ter um problema com a bolsa de colostomia. Posso ter que voltar ao hospital. Eu não vou debater com um poste porque o Haddad vai falar de ministério, mas quem vai botar as pessoas lá é o Lula. Segundo a Constituição, se eu morrer assassinado por uma facada, por um tiro de um sniper [atirador de elite], o que vai acontecer é o terceiro colocado vir a disputar a eleição. Então teremos o segundo turno entre Haddad e Ciro.”

Liberdade
Bolsonaro disse, ainda, que a vida pessoal não pertence mais a ele e que não pode mais frequentar lugares como bares, praia e o comércio, como pessoas comuns. “Eu não pertenço mais a mim mesmo. Hoje em dia eu e o Sergio Moro [juiz federal responsável pela Operação Lava Jato] não temos mais liberdade no Brasil. Nós não podemos ir a uma padaria comprar um pão, ir à praia com nossos filhos, perdemos completamente a liberdade. É um jogo de poder. A esquerda fará tudo para me tirar de combate”, disse.

Em seguida, o candidato disse que não está acusando a esquerda de ter planejado a tentativa de homicídio contra ele. Mas relembrou que o agressor Adélio Bispo de Oliveira era vinculado ao PSOL até 2014.