Na Federasul, Sartori e Leite debatem gargalos do setor produtivo

Apesar de evitarem ataques diretos, uma certa animosidade ficou evidente

Os temas de interesse do setor produtivo, como manutenção ou não das atuais alíquotas de ICMS, a desburocratização, a dívida com a União, as privatizações e concessões, além das políticas para manutenção de empresas no Rio Grande do Sul marcaram o painel realizado no início da tarde desta quarta-feira pela Federasul com os dois candidatos ao governo gaúcho. Durante cerca de uma hora, Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB) responderam a perguntas formuladas pela entidade.

Ambos deram início às explanações destacando o que entendem como pontos positivos nas respectivas gestões. Leite sobre quando esteve à frente da prefeitura de Pelotas e Sartori acerca da atual administração estadual.

Como vem se repetindo desde o primeiro turno, Sartori ressaltou que o PSDB participou do governo até quase o final, uma estratégia que visa desconstruir o discurso de Leite, de que representa propostas novas com gestão mais arrojada.

Já o tucano, também em uma narrativa usada desde o primeiro turno a fim de estabelecer diferenças entre os projetos dele e do emedebista, disse que governar é muito mais do que “resolver os problemas de caixa” e que são “tímidos” os avanços do atual governo.

Sobre a dívida com a União, Leite ressalvou que é favorável à privatização da CEEE, Sulgás e CRM, mas lembrou que o Rio de Janeiro não precisou privatizar empresas para assinar o Regime de Recuperação Fiscal. Sartori rebateu dizendo que conhece bem a realidade do Estado e que prefere ter calma e os pés no chão.

Na prática, os candidatos apresentaram divergências de propostas quando trataram da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e sobre a manutenção das atuais alíquotas do ICMS. Sartori defendeu a continuidade da empresa, com a possibilidade de deixar com ela o que não for concedido. Declarou, também, que o déficit fiscal inviabiliza a redução das alíquotas. Leite contou que pretende extinguir a EGR e que ela é “um erro”. Defendeu que a majoração nas alíquotas do ICMS valha por mais dois anos, com redução gradual no período.

Apesar de os dois candidatos evitarem ataques diretos, uma certa animosidade, que vem marcando também a propaganda eleitoral, ficou evidente no painel da Federasul. Já na segunda metade do encontro, Sartori alfinetou o adversário. O emedebista disse que prefere construir pontes, em vez de derrubar, e que alguns dizem que vão fazer o que já está sendo feito. O tucano rebateu dizendo que, em nenhum momento tentou desconstituir o governador pessoalmente, mas criticou a propaganda do MDB, segundo ele uma embalagem bonitinha, mas com conteúdo ruim.