A Justiça determinou, ainda na noite dessa segunda-feira, a prisão preventiva de outros dois advogados acusados de integrar uma organização criminosa denunciada pelo Ministério Público, na semana passada. A 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acolheu um recurso movido pelo MP, que atinge três advogados, um deles preso desde o fim tarde de ontem.
Um segundo acusado se apresentou no início da noite dessa segunda, no Deic. O terceiro mandado pode ser cumprido a qualquer momento. Na mesma decisão, o TJ determinou a prisão preventiva de outras 11 pessoas, integrantes da organização. Os advogados devem ser mantidos em prisão especial, em Sala de Estado Maior (a lei proíbe que integrantes da categoria sejam levados a uma prisão comum).
Entenda
A denúncia dá conta de que os três advogados compunham o braço jurídico de uma facção criminosa. Eles e mais 11 pessoas foram denunciados por embaraço à investigação e por integrarem a organização. Foram acatados os pedidos liminares do MP para o bloqueio dos veículos e de contas bancárias dos três advogados e do líder da quadrilha investigada. No momento do bloqueio, aproximadamente R$ 36 mil ficaram indisponíveis. Os advogados tiveram ainda suspensas as atividades econômicas e profissionais, assim como as inscrições junto à OAB. Além disso, sofreram quebra dos sigilos financeiro e fiscal.
Segundo as investigações do MP, em uma das situações um dos advogados forneceu a lista de testemunhas do processo para os líderes da facção. Ele orientou os criminosos a evitarem os depoimentos de três delas dizendo que, nessa hipótese, havia garantia de vitória. Houve ameaças verbais de morte às testemunhas, para não comparecerem ao Fórum, tanto que, desde 2016, apesar de procuradas por diversas vezes, elas não foram localizadas pela Justiça. Também ocorreram coações a policiais civis, conforme a denúncia.
Em outra circunstância, um dos líderes da facção solicitou a um dos advogados para informar a rotina do juiz Felipe Keunecke de Oliveira, que preside os processos contra ele e a companheira, que também integra a organização criminosa, para realização de um atentado. O fato chegou, à época, ao setor de segurança do Poder Judiciário. Os advogados também, em combinação com a facção, forjaram documentos para reaver quantias apreendidas pela Justiça no combate ao tráfico de drogas.