Nova lista suja de trabalho escravo denuncia 209 empresas

Pela 1ª vez, um empregador doméstico é reportado como infrator

O Ministério do Trabalho divulgou hoje uma versão atualizada da chamada “lista suja” do trabalho escravo, em que denuncia 209 empresas pela prática do crime. De acordo com o documento, entre 2005 e este ano, 2.879 funcionários foram submetidos pelos empregadores a exercer atividades laborativas sob condições desumanas e degradantes.

O chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), Maurício Krepsky Fagundes, destacou que a a lista trouxe 50 nomes que não apareciam no cadastro anterior.

Ainda segundo ele, pela primeira vez na série histórica, iniciada em 2005, um empregador doméstico é reportado como infrator. “Esse é o primeiro resgate [do tipo]. De lá pra cá, teve o caso de uma senhora submetida [a um trabalho análogo à escravidão] há mais 40 anos, no interior da Bahia e um caso em Roraima também. Esses [dois últimos] estão com processos ainda pendentes”, afirmou.

Empresas

Entre as companhias flagradas pelas equipes de auditores fiscais do trabalho aparecem a Spal Indústria Brasileira de Bebidas S.A, fabricante da Coca-Cola, e o grupo empresarial do setor têxtil Via Veneto, detentor de marcas de grife como a Brooksfield e a Harry’s e que mantém uma rede de lojas presente em todo o país.

Segundo Fagundes, a nova lista abrange tanto empregadores do espaço urbano como da zona rural. Ainda segundo ele, somente a lista com dados de 2018 consolidados, divulgada no final do ano, vai permitir uma análise mais detalhada sobre o perfil das vítimas.

Ele ressalta, porém, que o governo federal já identifica como características comuns às vítimas a baixa escolaridade e o fato de estarem inseridas em bolsões de pobreza. “Já é um caráter histórico”, disse.

A lista divulgada hoje reúne processos administrativos encerrados, ou seja, quando o empregador já foi ouvido e teve direito, em duas instâncias administrativas, a se defender das acusações.

Spal emite nota

Em nota, a Spal Indústria Brasileira de Bebidas S.A. informou que, por meio de decisão liminar, a 14ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte determinou a retirada do nome da lista.

A companhia enfatiza que sempre operou com responsabilidade social, “comprometida com a qualidade de vida e bem-estar de seus colaboradores, oferecendo-lhes condições de trabalho que respeitam a legislação vigente”. Também garante que sempre se pautou “no cumprimento rigoroso das leis trabalhistas e das políticas de direitos humanos vigentes”.