O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de reunião no Palácio do Planalto em que se acertou um suposto pagamento de propina envolvendo navios-sonda da Petrobras para a campanha de Dilma Rousseff em 2010. A informação consta no acordo de delação do ex-ministro dos governo Lula e Dilma Antonio Palocci, que permanecia em sigilo até esta segunda-feira. O juiz federal Sérgio Moro levantou parte do sigilo a seis dias das eleições.
Trecho da delação ao qual o R7 teve acesso fala da reunião:
“Que, inclusive, pode afirmar que participou de reunião, no início de 2010, na biblioteca do Palácio do Alvorada, com a presença também de Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e José Sérgio Gabrielli, na qual o então presidente da República foi expresso ao solicitar do então presidente da Petrobras que encomendasse a construção de 40 sondas para garantir o futuro político do país e do Partido dos Trabalhadores com a eleição de Dilma Rousseff, produzindo-se os navios para exploração do pré-sal e recursos para a campanha que se aproximava”.
Palocci disse ainda à Polícia Federal que aquela “foi a primeira reunião realizada por Luiz Inácio Lula da Silva em que explicitamente tratou da arrecadação de valores a partir de grandes contratos da Petrobras”.
A delação do ex-ministro petista cita ainda outro episódio, em 2007, que envolve a nomeação de Jorge Zelada, indicado pelo MDB, para ocupar a diretoria internacional da Petrobras. Segundo o documento, o executivo firmou um contrato de US$ 800 milhões com a empreiteira Odebrechet, que rendeu supostos US$ 40 milhões (5% do total) de propina.
Devido à “tamanha ilicitude revestida nele [contrato], teve logo seu valor revisado e reduzido de US$ 800 para US$ 300 milhões”, complementa o documento.
O advogado de Antônio Palocci, Tracy Reinaldet, disse que vai seguir “colaborando com a Justiça, esclarecendo os fatos que são objeto do processo e apresentando suas provas de corroboração”.
O R7 tenta contato com as defesas de Lula e Dilma.