Bolsonaro prepara equipe para o 2º turno

Grupo deve contar com generais da reserva e representantes do setor econômico

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / CP Memória

Às vésperas da eleição, conselheiros do candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, preparam ações para reforçar uma possível campanha no segundo turno, quando o ex-militar deverá ter 10 minutos no horário de rádio e TV para o embate direto com o petista Fernando Haddad – se o resultado das urnas confirmar as pesquisas de intenção de votos. As informações são da Agência Estado.

Enquanto consolida as análises, o grupo começa a ser tratado dentro da campanha como embrião do ministério de um eventual governo Bolsonaro. Dele participam generais da reserva, antigos colegas do candidato na Câmara, representantes de classe e de setores da economia que se aproximaram do deputado nos últimos meses. Em entrevistas, Bolsonaro afirma que vai formar um “time técnico”.

A hierarquia de poder e influência dentro do “núcleo duro” da campanha leva em conta as prioridades de seu plano de governo. Misto de secretário pessoal e assessor, o advogado Gustavo Bebbiano é presidente interino do PSL. Ele ajuda nas articulações políticas, participa da distribuição de verba do partido e controla a agenda do candidato.

O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro, que prepara estudos nas áreas de Defesa e segurança pública, o também general da reserva Osvaldo Ferreira (infraestrutura), o economista Paulo Guedes (economia), e o líder ruralista Luiz Antonio Nabhan Garcia (agricultura) são, atualmente, os conselheiros de mais destaque.

O plano de governo para a agricultura prevê numa mesma pasta a agricultura familiar, o Incra e, possivelmente, o Ibama. A agricultura familiar ganharia uma autarquia nos moldes da Embrapa. Ele diz que não haveria diálogo com “organizações” como o MST e as negociações ocorreriam com entidades como a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetag). “O Brasil não precisa de reforma agrária, mas de colonização para assentar as famílias, sem ideologias”, disse Garcia.

Os estudos na área de defesa e soberania nacional preveem o “fortalecimento” da Funai, órgão indigenista que foi sucateado pelos governos do PT e do PSDB. Funai, Ibama, Polícia Federal e a Receita Federal estariam integrados numa política de Estado para a Amazônia. O grupo avalia que é preciso maior rigor na liberação de entrada de ONGs estrangeiras em terras indígenas. O administrador do Hospital do Câncer de Barretos, Henrique Prata, e o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), são cotados para chefiar a pasta da Saúde num eventual governo Bolsonaro.

Bolsonaro tem recebido políticas de segurança de colegas da Câmara. O candidato manifestou interesse em colocar Onyx Lorenzoni (DEM-RS) na chefia da Casa Civil. Pelo menos três outros nomes são ouvidos por Bolsonaro na área da segurança pública: Fernando Francischini (PSL-PR) e Major Olímpio (PSL-SP), ambos deputados, e o coronel Ney Oliveira Müller. Na área de ciência e tecnologia, o candidato costuma citar como referência o nome do astronauta Marcos Pontes, que é tenente-coronel da reserva da Força Aérea, como um dos cotados para assumir pasta na área.