A nove dias das eleições, o candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou, nesta sexta-feira, que não vai apoiar o PT, de Fernando Haddad, caso não avance para o segundo turno das eleições. Além disso, o ex-governador do Ceará refutou qualquer possibilidade de integrar um eventual governo petista. O candidato concedeu entrevista para o Esfera Pública, na tarde de hoje.
“O PT contou comigo ao longo destes últimos 16 anos até o impeachment da Dilma. Mas, na medida em que depois do impeachment eles se juntam com Renan Calheiros e Eunício Oliveira, como Haddad está junto, não é mais possível para mim andar com o PT na política. Não é mais possível definitivamente”, afirmou.
Na semana passada, a candidata a vice de Haddad, Manuela D’Ávila (PCdoB), afirmou à Rádio Guaíba ter a convicção de que Ciro vai ajudar a chapa petista em um eventual segundo turno. Hoje, ele teceu elogios à comunista ao ressaltar que ela “tem espírito público e gosta do povo brasileiro”, apesar de ter “engolida pelo sistema político”.
“A Manuela foi brutalmente tirada do processo político brasileiro por uma chantagem vergonhosa que a burocracia do PT fez, para a retirada da candidatura dela, sob ameaça de que o PCdoB ficaria sem legenda para deputado, pelo país inteiro”, frisa.
O pedetista previa cumprir agenda nesta sexta, no Rio Grande do Sul, mas cancelou compromissos após ter sido submetido a uma cauterização na próstata. Por recomendação médica, o candidato deve retomar as atividades gradualmente.
Nesta sexta, resultado da pesquisa XP/Ipespe apontou Jair Bolsonaro (PSL) com 28% das intenções de voto, seguido de Haddad, com 21%, e Ciro Gomes, com 11%. Distante do candidato petista, Ciro vem intensificando a campanha para buscar votos em campos políticos diferentes. Segundo o trabalhista, os próprios simpatizantes do capitão da reserva podem votar no PDT, uma vez que apenas uma parcela do eleitorado de Bolsonaro vota de forma convicta nele.
“Existe um núcleo do Bolsonaro, de 15% a 16%, que é fascista. Esse eleitor vai ficar Bolsonaro nem que ele corra nu na rua ou nem que ele espanque a imagem de Nossa Senhora, porque este eleitor não está preocupado com nada. Geralmente, este eleitor costuma ser um garoto, branco, rico e que tem muito ódio no coração. Agora, esta diferença vem pra mim porque eu sou único quadro, no campo do centro-esquerda, que pode derrotar o PT sem ódio”, considera.
Sobre a proposta de governo, Ciro voltou a afirmar que vai revogar a Reforma Trabalhista para evitar uma “selvageria histórica” e manter todos os direitos adquiridos na Reforma da Previdência.
O candidato também lamentou as políticas adotadas pelos governantes gaúchos, que entre as gestões de Antonio Britto e José Ivo Sartori (ambos MDB) elevaram a dívida do Estado, por meio de acordos, de R$ 7 bilhões, no governo FHC, para os atuais R$ 32 bilhões, sendo que R$ 28 bi já foram pagos à União.
“Basicamente, eu vou libertar o Rio Grande do Sul, por quatro anos, de pagar a dívida com a União e vou capitalizar este saldo para o fim, desde que o Rio Grande do Sul entre numa dinâmica de consertar sua conta estruturalmente”, explica.
Sem papas na língua, Ciro também falou sobre os opositores políticos e reforçou a tese de que Bolsonaro é um fascista e o vice dele, General Mourão (PRTB), uma pessoa “totalmente tosca”. Segundo ele, o presidente Michel Temer (MDB) é “absolutamente um ladrão” e Lula “não é um prisioneiro político, de forma nenhuma”. Por fim, Ciro ainda classifica como “clandestina” a campanha de Aécio Neves (PSDB-MG), que depois de quase ter sido eleito presidente do Brasil, hoje disputa uma vaga na Câmara Federal.