Em viagem de campanha pelo interior do Rio Grande do Sul, o candidato a vice-presidente da República General Hamilton Martins Mourão (PRTB), na chapa encabeçada por Jair Bolsonaro (PSL), concedeu entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, na manhã desta terça-feira. O militar foi questionado sobre a frase dita na semana passada em evento realizado em São Paulo, quando afirmou que uma família sem a figura do pai ou avô se torna uma “fábrica de elementos desajustados”.
“Eu fui muito claro quando fiz a exposição a esse respeito. Existe a família criada por mãe e avó que tem recursos, essa não é problema. Agora, aquela que reside nas nossas comunidades carentes, onde não têm escola e não têm creche para as crianças ficarem quando as mães estão fora, a essas que eu me referi”, explicou o candidato. “Não estou criticando, só falei porque muitas vezes o pai não está lá, porque muitas vezes está preso e já morreu, por isso”, complementou.
Mourão falou, ainda, que vê muitas mulheres apoiando a candidatura dele nas viagens que vem realizando. “Tenho visto, em todos os lugares por onde tenho passado, um grande número de mulheres apoiando Bolsonaro. Existe um certo preconceito que foi passado e a campanha do candidato Alckmin tratando o assunto de forma baixa, na minha visão. Mas eu julgo que tem uma maioria que está ao lado de Bolsonaro, tanto de homens quanto mulheres, e outros que não. Até porque a unanimidade é burra, tem que haver divergência”.
Pesquisas eleitorais
Sobre as últimas pesquisas eleitorais, que mostra o avanço do candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, na disputa, Mourão considera pouco convincentes e acredita que há distorções. “Não sei qual a metodologia que está sendo usada, porque eu tenho percorrido o Brasil e tenho visto um apoio significativo a Bolsonaro”, alegou.
Segurança Pública
O tema da segurança pública e o direito do cidadão portar arma também foram pauta da entrevista. Para o general, o direito do cidadão portar arma é apenas um dos lados do problema. “O Bolsonaro não coloca isso como uma panaceia para solucionar a segurança pública. A questão da segurança pública será solucionada por uma ação policial mais coordenada, com mais tecnologia, com mais apoio ao trabalho policial, juntamente com ação social em cima das áreas onde estão localizadas essas narco-quadrilhas que agem pelo Brasil, assim como no sistema penitenciário”, explicou o vice-presidenciável.
Sobre a intervenção militar na área da segurança pública no Rio de Janeiro, Mourão salientou que mais de 70% da população apoia a intervenção, mas deu a entender que a ação deveria se estender para além da segurança pública. “É uma intervenção que se restringe exclusivamente à segurança pública. As demais áreas onde o Estado deveria entrar não estão sob nosso controle”, disse o general. “Não adianta você combater diretamente só a marginalidade se não conseguir proteger essa população que está envolvida nessa marginalidade”, complementou.
Organização das Nações Unidas
O general também comentou sobre uma possível saída do Brasil da Organização das Nações Unidas (ONU), caso Bolsonaro seja eleito presidente da República. “Aquilo foi um momento em que pegaram ele numa entrevista quebra-queixo. Ele deu uma resposta e depois já desdisse isso. O Brasil é um dos fundadores das Nações Unidas. Nós permaneceremos na ONU sempre”, confirmou Mourão.
Ele disse, ainda, que a fala de Bolsonaro foi feita num momento complicado da campanha. “[Foi] em cima daquela [decisão da] Comissão de Direitos Humanos, que não tem nada a ver em termos de decisões perante as Nações Unidas e toda aquela problemática que houve nessa forçação de barra do PT em relação à candidatura de Lula”, alegou.
Sobre o ataque a Jair Bolsonaro, ocorrido em 6 de setembro na cidade de Juiz de Fora (MG), general Mourão disse que prefere não comentar, já que não teve acesso ao inquérito. Sobre a saúde do presidenciável, ele disse que Bolsonaro está muito bem. “A recuperação dele está num galope muito bom”.