Condenados três dos 14 acusados de atacar judeus em Porto Alegre

Próximos julgamentos ocorrem em novembro e a partir de março do ano que vem

Foto: Reprodução / TJ

Após dois dias de julgamento, os três homens acusados de atacarem três judeus em 2005, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, foram considerados culpados por um júri popular, na noite desta quarta-feira. O julgamento durou mais de 22 horas, sem contar os intervalos, entre ontem e hoje. As sentenças foram lidas pela juíza Cristiane Busatto Zardo, que presidiu o julgamento, às 21h30min. A expectativa era grande, com familiares das vítimas e dos réus, além da imprensa, acompanhando o processo.

Laureano Vieira Toscani e Thiago Araújo da Silva foram condenados a 13 anos de prisão em regime inicialmente fechado. Fábio Roberto Sturm teve pena de 12 anos e oito meses de reclusão. Thiago e Fábio, de acordo com a magistrada, poderão recorrer em liberdade. Laureano, que reside nos Estados Unidos e é apontado como autor das facadas, fica em regime fechado devido à possibilidade de fuga. A defesa dos três réus vai recorrer à segunda instância. O júri era formado por seis mulheres e um homem.

“É um julgamento histórico. Foram dois dias de muita tensão, um julgamento onde todos nós sabíamos que o que aqui fosse decidido teria uma influência enorme, não só para os outros dois júris, mas para a sociedade em geral, sobre racismo e antissemitismo. Uma boa parte do que aconteceu aqui era aquilo que se esperava. Afinal, historicamente temos uma enorme dívida com tudo o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial”, avaliou a juíza.

Ouça, na íntegra, a avaliação da magistrada:

O julgamento recomeçou na manhã desta quarta. O trio é acusado de atacar três jovens judeus em 8 de maio na esquina entre as ruas Lima e Silva e da República. Os réus foram submetidos à júri popular por tentativa de homicídio por motivo torpe em razão do antissemitismo e racismo. De acordo com o Ministério Público, as vítimas foram atacadas apenas por estarem usando quipás (pequeno chapéu em forma circular usado pelos judeus).

Por coincidência, o julgamento começou na terça-feira, no dia do Yom Kipur, uma datas mais sagradas do calendário judaico. “Perdão e justiça são parecidos em determinados momentos. É mais um sinal de que é possível que se faça justiça após tantos anos”, afirmou o presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs), Zalmir Chwartzmann, que esteve presente no início da sessão, na manhã de ontem. “Agrediram três meninos cujo único crime era estar com o quipá”, recordou.

O presidente da Firs lamentou a intolerância existente no Rio Grande do Sul, inclusive em Porto Alegre. “Toda a semana temos manifestações nazistas e antissemitas”, assegurou ele. Na opinião dele, o julgamento é importante não só para a comunidade judaica, mas para toda sociedade que “precisa combater o ódio”.

Mais de três réus pelo mesmo crime serão levados ao tribunal em 22 de novembro e os demais a partir de março de 2019.