Ataque e internação de Bolsonaro conferem cenário inédito à eleição

Situação obriga os aliados a repensar o xadrez político

Foto: Reprodução / Twitter / CP

A eleição presidencial de 2018 vem sendo marcada por dois fatos inéditos na história brasileira: pela primeira vez, um postulante ao Palácio do Planalto ficou gravemente ferido em atentado e, em consequência disso, um dos nomes aptos a constar da cédula eleitoral é o de um candidato hospitalizado, sem previsão de alta e sem condições físicas, segundo os próprios aliados, de fazer campanha, nas ruas e redes sociais, no primeiro turno. Também não se sabe se ele vai ficar apto a participar ativamente do segundo turno, caso chegue lá.

Atual líder das pesquisas de intenção de voto, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) completa uma semana de internação em UTI, depois de ter passado nesse período por duas cirurgias de urgência. Após a segunda operação, ocorrida na última quarta, Bolsonaro – que está tomando analgésicos, antibióticos e não pode comer -, ficou proibido, pelos médicos, de receber visitas e até de conversar.

No início da internação no Albert Einstein, os políticos seguiam se revezando no hospital e o paciente, mesmo debilitado, posou para fotos e chegou a gravar vídeos. Os médicos já informaram também que Bolsonaro, que sofreu uma colostomia, vai ter de passar, daqui a dois ou três meses, por uma terceira e mais completa cirurgia no intestino. O candidato sofreu uma facada, no último dia 6, em Juiz de Fora (MG), em meio a um ato público.

Prejuízos

O candidato vive hoje uma situação dramática – e não prevista na legislação eleitoral – que obriga os apoiadores do PSL e do PRTB a repensar o xadrez político. Eles vêm se esforçando para dizer que não pararam. A coordenação de campanha de Bolsonaro avisou que retomou hoje os compromissos de campanha.

O presidente do PSL em São Paulo, Major Olímpio, destacou uma agenda de viagens no interior do estado, com roteiros programados para cinco cidades – Assis, Marília, Ourinhos, Santa Cruz do Rio Pardo e Bauru, no noroeste paulista.

“A evolução do Bolsonaro é muito satisfatória, mas não existe prognóstico para o tempo de recuperação. Há prejuízos para campanha, pois nem eu, o general Mourão [vice na chapa] e o Eduardo Bolsonaro [um dos filhos] temos a capacidade de levar milhares de pessoas para as ruas, como era a característica do Jair Bolsonaro. Mas vamos levar esta mensagem”, destacou Olímpio, na quinta-feira em São Paulo.

O dirigente afirmou ainda que pretende “casar” as agendas com a presença do candidato a vice na chapa de Bolsonaro, até para “levar a imagem de coesão absoluta do partido”.

Vice

Olímpio negou que exista mal-estar pelo pedido do vice em querer substituir Bolsonaro nos próximos debates de TV. O PRTB chegou a anunciar na quarta-feira, dia em que Bolsonaro piorou, a intenção de consultar o TSE para que o general Mourão possa fazer esse papel.

Boletim

Hoje, Bolsonaro saiu do leito para fazer fisioterapia, segundo o boletim médico mais recente do Hospital Albert Einstein. Ele caminhou pelo quarto sem apresentar dor, conforme a equipe médica.

Bolsonaro permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com estabilidade clínica e sem complicações, após uma cirurgia de urgência para corrigir uma aderência que obstruía o intestino delgado. O candidato continua sem febre e sem sinais de infecção. Por ordem médica, as visitas seguem restritas a pessoas autorizadas pela família.