A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga possíveis fraudes nos exames de pré-câncer em Pelotas, na metade Sul, adiou, nesta quarta-feira, a votação de um requerimento para que o ex-prefeito Eduardo Leite e a atual prefeita, Paula Mascarenhas (ambos do PSDB), sejam ouvidos nas próximas reuniões. Os onze vereadores da CPI terão novo encontro na próxima quarta.
A CPI é presidida pelo vereador Marcos Ferreira (PT), conhecido como Marcola. Como não houve concesso entre os parlamentares, o requerimento, que depende de maioria simples, acabou não sendo votado. Amparado pelo regimento, Marcola adiou a votação para a semana que vem. Se a convocação para Eduardo Leite depor for rejeitada, nenhum novo convite pode ser protocolado.
A estratégia da oposição é desgastar a figura do candidato tucano. Porém, entre os contrários a que Eduardo Leite seja chamado pela CPI, há vereadores do MDB e PSD, partidos da coligação de José Ivo Sartori e José Paulo Cairoli, que disputa com o tucano o governo gaúcho a partir de 2019.
Em contrapartida, o vereador Enéias Clarindo (PSDB), que é o relator da Comissão, já começou a reunir documentos sobre a denúncia de fraude em exames de papanicolau. A CPI já solicitou à Prefeitura o levantamento de todas as pacientes que morreram entre 2014 e 2018, vítimas de câncer de colo do útero, na cidade.
Além da CPI, o Ministério Público também passou a averiguar se houve fraude na realização dos exames, realizados por uma clínica contratada pela Prefeitura, ainda na gestão de Leite. Conforme a denúncia, que partiu de médicos e enfermeiros da Unidade Básica de Saúde (UBS) Bom Jesus, apenas cinco dos 500 exames realizados pela clínica terceirizada eram realmente analisados, por amostragem. Entre 2014 a 2017, nenhum dos exames acusou lesões de pré-câncer.