Futuro da gestão do Parque Assis Brasil está em aberto

Atual governo do Estado entende que o local deve deixar de ser administrado pelo poder público

Foto: Alina Souza/CP

A 41ª edição da Expointer termina sem que se saiba como vai ser, no futuro, a gestão do espaço que ocupa. O atual governo do Estado entende que o Parque de Exposições Assis Brasil deve deixar de ser administrado pelo poder público. A ideia, que não é consenso, é defendida por grande parte das entidades que hoje são parceiras na organização da Expointer, como a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) e Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers). O presidente da Febrac, Leonardo Lamachia, cogita a possibilidade de as próprias entidades assumirem a administração do parque se um estudo demonstrar a viabilidade.

Lamachia defende uma discussão “urgente” em relação à gestão do parque – já houve um primeiro encontro com o vice-governador José Paulo Cairoli, no início de agosto, para tratar deste assunto. O dirigente da Febrac admite que a ideia de as próprias entidades se comprometerem com o gerenciamento da estrutura é “sedutora”, embora seja necessário, antes, traçar um plano de negócio e estudar todos os números, como os custos para manutenção da área e os investimentos a fazer. O presidente compara a situação com dois modelos: os da Feira Rural Do Prado, em Montevidéu, organizada pela Associação Rural do Uruguai, e a Feira de Palermo, em Buenos Aires, organizada pela Sociedade Rural Argentina, que é muito semelhante à Expointer, apesar de ter um porte menor.

O diretor administrativo da Farsul, Francisco Schardong, é mais cauteloso, e entende que é preciso um estudo aprofundado para que não se cometam erros. Schardong considera, ainda, que a manutenção do parque “é muito pesada para passar para um terceiro”. Ele entende que, para aliviar essa conta, o parque possa se abrir a outras atividades e finalidades, além de feiras e exposições.

A presidente do Simers, Carolina Rossato, fala que o sindicato “é favorável a tudo o que for benéfico e traga otimização de recursos” e lembra que muitas feiras são administradas pelo setor privado, como a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), ou cooperativas, como a Expodireto, de Não-Me-Toque.

Mas a terceirização não é consenso. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) não concorda que o governo se retire totalmente do controle do parque que, segundo a entidade, “é do povo”. Para o presidente Carlos Joel da Silva, algumas infraestruturas podem ser terceirizadas, como áreas para a construção de um hotel e de restaurantes. A gestão, para a Fetag, deve continuar com o poder público. Ele também adverte que a iniciativa privada visa lucro e que o setor da agricultura e da pecuária podem começar a perder espaço.

Inaugurado em 1970, em Esteio, o parque conta com área de 141 hectares. Por ano, são gastos cerca de R$ 5 milhões de recursos públicos para a manutenção dessa estrutura, segundo o diretor administrativo do parque, Sandro Roberto Schlindwein. A Expointer, no entanto, gerou um superávit de cerca de R$ 2,5 milhões nos últimos anos, abatendo metade do custo.

O secretário de Planejamento, Governança e Gestão, Josué de Souza Barbosa, disse que a equipe técnica da pasta prepara um material apontando quais os requisitos que a empresa interessada em administrar o parque vai ter de cumprir. Já o secretário da Agricultura, Odacir Klein, observa que a propriedade do parque vai continuar sendo pública.