Servidores dizem que HPS precisa de 232 enfermeiros e técnicos em enfermagem

Associação ainda reclama de sucateamento. Secretário garante que casa de saúde é prioridade para a Prefeitura

Monitores estão parados por falta de manutenção. Foto: Divulgação/ Associação dos Servidores do HPS

Servidores lotados no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre denunciaram, em audiência pública, nessa quinta-feira, a falta de pelo menos 232 enfermeiros e técnicos em enfermagem na instituição. Uma das principais pautas dos municipários, em greve há 25 dias, a situação do HPS é classificada como “crítica” pelos trabalhadores. A associação de servidores do complexo denunciou, desde o fechamento de leitos e unidades, até a falta de macas e cadeiras de roda por falta de manutenção. A denúncia já chegou ao Ministério Público (MP) e ao Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre.

Isabel Sant’Ana, presidente da Associação dos Servidores do HPS (ASHPS), declarou que todos os 21 leitos do setor de traumatologia foram fechados no ano passado, sem previsão de reabertura. “Eles fecham dizendo que vão reabrir, e nada”, desabafou Isabel. Ela lamentou ainda a perda dos cerca de 20 leitos da unidade de traumatologia bucofacial, fechada ainda em 2013. Além desses, quatro leitos de UTI – dois em cada andar- e cinco salas de recuperação também foram fechadas nos últimos anos, detalhou.

A associação ainda relatou elevadores estragados há cinco anos, monitores cardíacos parados por falta de manutenção, banco de sangue inoperante por falta de pessoal, falta de médicos e até de eletricistas na casa de saúde. Conforme os servidores, o déficit dos últimos oito anos é de cerca de 500 funcionários, de 1,4 mil em 2010 para aproximadamente 900, em 2018. “O HPS tem 74 anos, é referência em traumatologia para Porto Alegre e região Metropolitana, nós fomos os primeiros a receber no caso da boate Kiss, e hoje não conseguimos fazer mais nada”, compara Isabel.

O que disse a Prefeitura

O secretário municipal de saúde, Erno Harzeim, garantiu que, de fato, há um déficit no quadro de funcionários do HPS, mas que a instituição é prioridade da Prefeitura. “Desde que assumimos, destinamos 31% do total de funcionários da área da saúde contratados pelo município para o HPS, ou seja, não há um descaso da Prefeitura, muito pelo contrário, o HPS é prioridade”, disse Harzheim.

O secretário também asseverou, de outro lado, que não é possível destinar mais verbas ou contratar pessoal além dos limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, já que há um teto para os gastos da administração.

Harzheim ainda garantiu que, dentro de, no máximo, 45 dias a instituição recebe um novo tomógrafo e que pelo menos outros R$ 5 milhões em equipamentos estão contratados ou com previsão de compra.

Uma reforma completa na enfermaria do segundo andar, hoje operando até mesmo sem dutos de oxigênio, também está prevista. “Em um ano e oito meses de gestão já contratamos e fizemos mais pelo HPS do que a administração anterior, então não há menosprezo com a situação do hospital”, finalizou o secretário.