Candidatura de Lula é alvo de 16 contestações no TSE

Cabe ao relator Luís Roberto Barroso ditar o ritmo do julgamento de cada pedido

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Ricardo Stuckert

O prazo para contestar o registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encerrou na noite dessa quarta-feira. Ao todo, foram feitos 16 questionamentos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a elegibilidade do candidato do PT à Presidência da República, conforme publicou hoje o jornal O Estado de S.Paulo. O TSE deve publicar em breve um edital de intimação, com todas as contestações, a partir do qual passa a contar o prazo de sete dias para que a defesa de Lula se manifeste.

Dos questionamentos apresentados, sete são ações de impugnação propriamente ditas, protocoladas por outros candidatos, partidos, coligações ou pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que são as partes legítimas para isso, de acordo com a legislação eleitoral. Entre elas, está a da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que é também procuradora-geral eleitoral.

Na contestação, Dodge sustenta que Lula – que figura como líder de intenções de voto nas pesquisas eleitorais – está enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado na segunda instância da Justiça Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, razão pela qual não está apto a disputar a eleição.

As demais impugnações, com argumentos análogos, foram feitas pelo candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, e a coligação dele; por um deputado estadual do Partido Novo; e por candidatos à Câmara dos Deputados pelo Podemos, PSL e DEM. Outras nove das 16 contestações são as chamadas “notícias de inelegibilidade”, em que qualquer cidadão pode informar ao TSE sobre situações que prejudiquem a candidatura de algum postulante a cargo eletivo. Todas elas abordaram a mesma condenação de Lula.

Pelo calendário eleitoral, o TSE vai ter até 17 de setembro para julgar os pedidos de registro de candidatura. Esse também é o prazo final para que os partidos substituam nomes nas chapas, exceto em caso de morte de candidato.

Como relator, cabe a Barroso ditar o ritmo de julgamento no TSE. A Justiça Eleitoral pode, diante das notícias de inelegibilidade, negar de ofício, antecipadamente, o registro de Lula, mas o ministro vem indicando que deve aguardar todos os prazos processuais antes de levar o caso ao plenário do TSE. Observados os prazos, a previsão é que o julgamento ocorra no início de setembro, após o início do horário eleitoral na TV.

Em uma segunda petição, Raquel Dodge tentou antecipar o julgamento, mas ainda não obteve resposta do relator. De acordo com o Estadão, na quarta-feira, a defesa de Lula enviou aos ministros da Corte Eleitoral um parecer assinado pelos ex-ministros do TSE Henrique Neves e Fernando Neves, no qual defende o respeito aos prazos de manifestações, de modo a garantir o devido processo legal.

Condenado a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP), Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde 7 de abril. A defesa do ex-presidente busca garantir o direito de ele recorrer em liberdade às instâncias superiores, suspendendo a execução da pena. Paralelamente, os advogados seguem tentando assegurar a participação do ex-presidente em atividades de campanha eleitoral, como entrevistas, debates e no horário eleitoral da TV.