Após a entrega da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Câmara de Vereadores, o prefeito Nelson Marchezan Júnior disse que o Sindicato dos Municipários “assinou” e “decretou” o atraso no pagamento quando “fez o quebra-quebra e contribuiu para que parte das reformas não fossem aprovadas”, referindo-se ao tumulto ocorrido no Legislativo em 11 de julho devido a votações de projetos de lei.
“O Simpa condenou os servidores de Porto Alegre a, neste ano e nos próximos, receberem seus salários fora da data prazada”, afirmou Nelson Marchezan Júnior sobre a greve dos municipários que completa 22 dias nesta terça-feira e que, entre outros motivos, começou em função do atraso e da falta de reposição salarial. O chefe do Executivo mais uma vez descartou a possibilidade de se reunir com a categoria. Com isso, a paralisação segue sem previsão para acabar, já que o Sindicato condiciona o fim da greve a um diálogo com a Prefeitura.
De acordo com Marchezan, no ano passado, antes de outra greve que durou mais de 40 dias, a Prefeitura vinha se reunindo com a categoria três vezes por mês, em encontros que duravam, no mínimo, duas horas. Apesar disso, ainda segundo o chefe do Executivo municipal, a última reunião ocorreu já durante a mobilização e o Sindicato quebrou o acordo feito, permanecendo paralisado.
“O último argumento do Simpa é invadir a Prefeitura, órgãos públicos, agredir servidores, ameaçar, degradar o patrimônio publico, impedir que os servidores que desejam cumprir a sua vocação de vida, que é servir ao cidadão, façam isso”, disse Marchezan. O prefeito disse ainda que essa maneira de argumentar precisa ir para a Polícia Civil, para a Brigada Militar e outros órgãos que fogem ao poder público municipal.
“A ocupação do Paço não tem nada de caso de polícia, tanto que o oficial de justiça, quando saiu, fez toda a vistoria e não havia nenhuma avaria em nada”, disse o diretor-geral do Simpa, Jonas Tarcísio Reis, ao rebater as frases do prefeito. De acordo com ele, a categoria está cumprindo liminar judicial que determina 50% dos servidores devem trabalhar para manter 100% da demanda dos serviços essenciais, mas vai continuar em greve até que Marchezan aceite dialogar.
A direção do Simpa contrapôs as afirmações do prefeito de que a categoria contribuiu para a situação de atrasos no pagamento de salários. Segundo eles, a intenção do Executivo era conseguir a redução salarial com a aprovação do PL 8, rejeitado na Câmara de Vereadores. “O Marchezan queria reduzir o salário e aí diz, que reduzindo, não vai mais parcelar. Claro, porque aí vai reduzir pela metade a folha. É uma piada. Inclusive, quando ele deixar de ser prefeito, ele pode virar muito bem humorista, porque consegue construir, nessas inverdades, coisas que são risíveis”, completou.
Ato em frente ao Dmae
O Simpa promoveu mais um ato nas ruas da cidade. Dessa vez, em defesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), em frente à sede do órgão, na avenida Princesa Isabel. O objetivo era defender o Departamento e se manifestar contra a possibilidade de privatização. Os municipários ainda exigem a abertura de novos concursos públicos, que, segundo eles, não ocorrem em uma tentativa da Prefeitura de sucateá-lo e, assim, facilitar uma entrega para a iniciativa privada.