Prefeitura de Pelotas aciona laboratório na Justiça para obter exames pré-cancer

SEG justifica que MP já começou a investigar amostras de cólo de útero

Foto: Gustavo Vara / Prefeitura de Pelotas

A Prefeitura de Pelotas, na metade Sul, entrou na Justiça para pedir a liberação das lâminas dos exames citopatológicos realizados pelo Serviço Especializado de Ginecologia (SEG). A determinação é da prefeita Paula Mascarenhas, que busca encaminhar o material para reanálise no Hospital das Clínicas, em Porto Alegre. A instituição mantém uma unidade certificada para realizar esse tipo de procedimento. Segundo a prefeitura, a SEG não quer liberar o acesso às amostras.

Em razão disto, a Procuradoria-Geral do Município entrou com uma ação, nesta quinta-feira, de produção antecipada de prova, que busca garantir as lâminas necessárias para a contraprova. “Queremos a verdade. Não estamos acusando ninguém, mas precisamos ter essas respostas e garantir a segurança das milhares de usuárias do SUS na cidade”, afirmou a prefeita.

O município quer refazer 2,1 mil testes no período entre 2014 e 2017, número considerado cientificamente suficiente para apontar se ocorreram problemas ou não nos resultados divulgados pelo SEG. A quantidade de laudos a serem reavaliados atende uma recomendação do médico epidemiologista César Victora, que coordena o Centro Internacional de Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas.

O Ministério Público recolheu em 20 de julho, 17 mil amostras de pré-câncer correspondentes ao período de janeiro de 2017 a junho de 2018 armazenadas no laboratório que está sendo investigado por, supostamente, realizar a análise por amostragem dos exames.

O material permanece Instituto-Geral de Perícias (IGP) em Porto Alegre, sob custódia, até ser periciado. A advogada do laboratório, Cristiane Ualt da Fonseca, fala que o momento é delicado para que o SEG ceda o material para o município. “Parte dos exames, do período de 2017 e 2018, que são em torno de 17 mil lâminas, estão em poder de uma instituição séria e imparcial, que é o Ministério Público”, relata. Ela lembra que o MP e a Polícia Federal também estão fazendo investigações.