Telefonistas e operadores de rádio de uma terceirizada que presta serviços para a central de regulação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) entraram em greve na noite desta segunda-feira. Desde as 19h, não estão trabalhando oito profissionais responsáveis por atender as ligações de emergência feitas para o número 192. Conforme uma funcionária, que não quis se identificar “por medo de retaliações”, o último salário pago pela empresa foi em 11 de julho, referente ao mês de maio. Além disso, vales alimentação e transporte também deixaram de ser pagos há 43 dias.
“A empresa sumiu. Desde quarta-feira, ninguém consegue contato com eles. Hoje, o pessoal esteve na empresa de tarde e tá fechado. Não tem ninguém mais lá. Ninguém dá retorno, nem pra gente, nem pra central. Mas o Estado também não deixa de ser responsável. Isso vem ocorrendo há um ano, mas nesse últimos meses piorou bastante”, relatou a funcionária. Ela ainda lamentou ter de tomar a atitude de parar o serviço: “a gente não queria fazer. A população que vai sofrer. Só que a gente não tem apoio de ninguém. Ninguém tem mais de onde tirar dinheiro”.
Representantes do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) estão no local. “Os médicos não têm treinamento nem experiência e não é a função deles operar o 192. Então, está um impasse”, explica a diretora do Simers Clarissa Bassin. Conforme o Simers, apenas quatro municípios não dependem do Samu estadual: Porto Alegre, Bagé, Caxias do Sul e Pelotas.
A diretora informou que serão feitas notificações de praxe, como forma de proteção aos médicos que trabalham no local. “O nosso código de ética determina que, quando não há condições para o exercício mínimo da função de médico que está destinado a fazer, no caso deles é de regulação, a gente tem que notificar o nosso conselho. Isso vai ser feito e a notificação para a secretaria também. E para o Ministério Público Estadual nós vamos fazer a notificação agregando ao expediente que o MP já abriu, verificando e comprovando a falta de cumprimento de parâmetros legais que reiteradamente estão acontecendo no Samu”, disse Clarissa. O sindicato médico ainda fez registro de boletim de ocorrência por fato atípico.
A Secretaria da Saúde informou que os pagamentos estão em dia, mas que a empresa terceirizada não está repassando os valores para o funcionários. Ainda conforme a pasta, estão sendo adotadas todas as medidas pra garantir o serviço, como remanejamento de funcionários. Nesta terça-feira, serão avaliadas as ações cabíveis.