Reitor da Ufrgs adverte para “desmonte da pós-graduação” com cortes na Capes

Governo vai atingir "corações e mentes da área de pesquisa”, salienta Rui Oppermann

Foto: Gustavo Diehl / Divulgação / CP

O alerta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do possível corte de cerca de 200 mil bolsas de programas de pós-graduação e de formação de professores em 2019 pode por em risco o desenvolvimento da pesquisa em todo o Brasil. Para o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Rui Vicente Oppermann, o quadro de “redução drástica nos auxílios-bolsa” é inédito e, caso se concretize, vai ser “um grande desastre”.

“Isso é impensável já que a pós é a sustentação de toda a formação de quadros profissionais de grande qualidade e de pesquisadores de grande qualidade”, defendeu o reitor.

Do total de bolsas que podem ser afetadas, 93 mil envolvem estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado e 105 mil do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), o Programa de Residência Pedagógica e o Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor).

Para Oppermann, o governo vai atingir “corações e mentes da área de pesquisa, tecnologia e inovação” caso o corte se confirme. “E muito mais preocupante, em relação à formação dos professores da área básica”, completou. O reitor explicou que a formação de professores é a “resposta das universidades públicas para a resolução do crônico problema da educação básica”. “Os alunos merecem professores de qualidade e ensino de qualidade”, destacou.

De acordo com a Capes, caso haja cortes na verba prevista para o programa, o dinheiro para pagar bolsas pode acabar a partir de agosto do ano que vem. Termina no dia 14 o prazo para que o presidente Michel Temer sancione o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) referente a 2019, que vai definir o recurso para a Capes.

O número de bolsas em 2018 destinadas a estudantes e professores de universidades públicas e particulares do Rio Grande do Sul não é divulgado pela Capes. Os dados mais atuais disponíveis no site do programa, de 2016, apontaram que, na época, 11.198 alunos e professores recebiam o benefício.

Do total de bolsas, 5.087 foram destinadas ao mestrado e 5.106 ao doutorado. As demais ficaram divididas entre pós-doutorado, iniciação científica e professor, coordenador-geral e coordenador-pedagógico do programa Idiomas sem Fronteiras.

A Ufrgs era contemplada com a maioria dos auxílios (3.526), seguida pela Federal de Santa Maria (1.670), PUCRS (1.343), Federal de Pelotas (1.203) e a Federal de Rio Grande (789).

PUCRS também preocupada

A PUCRS também manifestou preocupação em relação à possibilidade de suspensão de bolsas a partir de agosto de 2019. A instituição teme prejuízo para os programas de cooperação internacional, devido à redução do orçamento.