Mesmo que o governador José Ivo Sartori insista em só assumir a candidatura à reeleição no próximo domingo, após ter o nome endossado na convenção partidária, o MDB largou na frente e o governador é, entre os postulantes ao Piratini, o que está com a estruturação da campanha mais adiantada.
Sartori já teve definido o valor que deve receber do fundo eleitoral, e vai dispor, com isso, do maior volume de recursos, quase R$ 5 milhões. Ainda em 2017 organizou o grupo responsável pelas articulações políticas com outras siglas e possíveis apoiadores. O time abrange o ex-ministro Luís Roberto Ponte, figura histórica do MDB gaúcho e com forte influência no meio empresarial; e o atual secretário de Assessoramento Superior do Gabinete do Governador, Idenir Cecchim. Agora, cabe a Ponte cuidar das contas da campanha. Cecchim vai responder pela coordenação.
O governador também largou na frente na composição da chapa da majoritária, que está pronta. Vai repetir a dobradinha com o vice-governador José Paulo Cairoli, que teve o nome endossado na convenção do PSD no último domingo. E os dois candidatos ao Senado foram definidos: Beto Albuquerque, com o nome já homologado no PSB, e José Fogaça (MDB).
A rápida definição de Fogaça em função da desistência do ex-governador Germano Rigotto é outro exemplo da agilidade emedebista. Pelo menos 10 dias antes de a decisão de Rigotto se tornar pública, a desistência e a substituição por Fogaça não só foram acertadas internamente como tiveram um toque de pragmatismo: a possibilidade de captação de mais votos na região Metropolitana, área que, internamente, é considerada como a mais frágil. “Tanto o Fogaça como o Beto atingem bem a grande Porto Alegre, justamente a região de maior debilidade do MDB no RS”, admitiu Ponte.
O fato de estar governo e ter uma estrutura forte no Estado ajudou a antecipar a mobilização partidária, independente de Sartori assumir ou não a candidatura. “Conseguimos uma grande coligação em torno do governador e a campanha está muito bem estruturada. Consideramos essa organização da largada fundamental em uma campanha que terá poucos recursos e será curta”, assinalou Cecchim.
Os temas que vão pautar a campanha também já se definiram: o MDB vai insistir que é necessário fazer uma escolha entre serviços essenciais e a manutenção de estatais em determinados setores, por exemplo. Mas vai também tentar fazer afagos aos professores estaduais; e vender a ideia de que a política de segurança sofreu reformulação total a partir do ingresso do secretário Cezar Schirmer. Por fim, vai admitir que muito mais precisa ser feito na área da saúde. “Vamos passar quatro anos difíceis, mas não podemos tirar a esperança do povo”, resume Ponte.
A estratégia para tentar neutralizar a associação com o governo Michel Temer ainda está em discussão. “Vamos tratar disso nas próximas duas semanas. O MDB gaúcho é um pouco diferente, mas não é uma ilha”, filosofou Cecchim.