Eliseu Padilha assume interinamente Ministério do Trabalho

Chefe da Casa Civil vai acumular os dois cargos após o STF afastar Helton Yumura da Pasta. Mais cedo, Temer aceitou pedido de demissão

O chefe da Casa Civil da Presidência da República, ministro Eliseu Padilha, vai assumir interinamente o Ministério do Trabalho, no lugar de Helton Yomura. Padilha vai acumular os dois cargos. Em edição extra do Diário Oficial da União, publicada na noite dessa quinta-feira, o presidente Michel Temer exonerou Yomura e nomeou Padilha.

Em nota à imprensa divulgada na noite passada, o Palácio do Planalto informou que Temer recebeu e aceitou o pedido de exoneração do ministro do Trabalho.

Um dos alvos da terceira fase da Operação Registro Espúrio, deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF), o ministro Helton Yomura prestou depoimento na superintendência do órgão, em Brasília, acompanhado pelo advogado, e depôs por cerca de uma hora. Em nota, o advogado do ex-ministro, César Caputo Guimarães, confirmou que, em função das investigações, o Supremo Tribunal Federal (STF) afastou Yomura das funções. Ele afirmou que todas as medidas jurídicas cabíveis devem ser adotadas para reverter a medida.

Deflagrada no dia 30 de maio para apurar a suspeita de fraudes no registro de sindicatos junto ao Ministério do Trabalho, a Operação Registro Espúrio deixou o ministério temporariamente sem comando. A pedido da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro do STF Edson Fachin determinou o afastamento de Yomura.

A Secretaria Executiva também segue vaga desde a prisão de Leonardo José Arantes, em caráter preventivo, no início de junho. Arantes é sobrinho do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), líder da bancada do PTB, também alvo da investigação da Polícia Federal.

Indicado pelo partido, Yomura permanecia à frente da pasta desde janeiro. Advogado por formação, ele chegou ao comando da pasta após a Justiça suspender a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, que também em função da operação da PF está proibida de entrar na sede do Ministério do Trabalho. Hoje, em nota, Jefferson colocou a Pasta, há anos controlada pela legenda, “à disposição do presidente Michel Temer”.

A PF informou que a terceira fase da Operação Registro Espúrio teve o objetivo de aprofundar as investigações sobre uma suposta organização criminosa suspeita de fraudar a concessão de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), servidores da Secretaria de Relações do Trabalho se valiam dos cargos para viabilizar a atuação dos demais suspeitos, que recebiam facilitações para obter os registros necessários ao funcionamento de sindicatos. A Operação Registro Espúrio apura as supostas práticas de corrupção ativa e passiva e de lavagem de dinheiro. As duas primeiras fases foram deflagradas, respectivamente, nos dias 30 de maio e 12 de junho.

Carlos Marun
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse hoje que vai apresentar na próxima segunda-feira representação e queixa-crime na Corregedoria da Polícia Federal e na Procuradoria-Geral da República contra vazamento de informações citando o nome dele.

O ministro deu as declarações após a divulgação de uma reportagem em que a Folha de S.Paulo publica que Marun é suspeito de envolvimento com a suposta organização, que, segundo a polícia e o Ministério Público, fraudou registros sindicais no Ministério do Trabalho.