Duas cidades gaúchas aparecem entre as mais desenvolvidas de 2016

Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) apontou Vale Real em quarto lugar e Lajeado em sexto

O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que mede o desenvolvimento dos municípios brasileiros, voltou a crescer em 2016, depois de dois anos de queda. O indicador fechou em 0,6678, abaixo do 0,6715 registrado em 2013. Duas cidades gaúchas – Vale Real e Lajeado – aparecem entre as dez mais desenvolvidas do País, conforme o levantamento.

O resultado nacional mostra o impacto da retração econômica que levou a uma queda de 6,4% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no país, com reflexos nas três vertentes que compõem o estudo: emprego e renda, saúde e educação.

Divulgado nesta quinta-feira pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com base em dados de 2016, o IFDM 2018 monitora os indicadores sociais em 5.471 municípios, onde vive 99,5% da população brasileira.

O estudo adota uma escala de avaliação que vai de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento do município. As cidades são divididas em quatro categorias: baixo desenvolvimento (de 0 a 0,4), desenvolvimento regular (0,4 a 0,5), desenvolvimento moderado (de 0,6 a 0,8) e alto desenvolvimento (0,8 a 1). O índice vem sendo aferido há uma década.

No resultado geral, incluída a média das notas dos três indicadores (emprego e renda, saúde e educação), foram observados apenas 431 municípios com alto rendimento, o equivalente a 7,9% do total.

Indicadores
As três vertentes que compõem o IFDM apresentaram crescimento em 2016. O índice de emprego e renda atingiu 0,4664 ponto, voltando a crescer após duas quedas consecutivas, quando acumulou retração superior a 20%.

Tanto o IFDM educação como o IFDM saúde apresentaram elevação discreta, mantendo a trajetória observada desde o início da publicação do índice. No entanto, a evolução apresentada pelos dois indicadores foi a menor em 10 anos, indicando que a crise também teve impactos sociais, e não só na área econômica. O IFDM educação subiu de 0,7644 (2015) para 0,7689 (2016). Já o IFDM saúde saiu de 0,7534 para 0,7655, no mesmo período.

O estudo sustenta que é preciso acelerar o crescimento econômico – acima de 1,5% ao ano – para garantir o cumprimento de metas assumidas pelo Brasil, interna e externamente, em educação e saúde. Os principais problemas apontados foram deficiências no ensino infantil, com menos de 30% das crianças matriculadas em creches, e no acesso à pré-escola. Na área de saúde, o atendimento às gestantes, bem como a cobertura de atenção básica, estão longe do desejável.

Segundo o diagnóstico, não houve diminuição de transferência de recursos financeiros para os municípios, mas sim falta de gestão eficiente. “Acelerar o desenvolvimento no interior do país passa por uma política ampla de capacitação e aprimoramento dos gestores públicos, sobretudo nas regiões menos desenvolvidas”, defendem os autores do IFDM.

De acordo com o estudo, de 2015 para 2016, foram fechados 3 milhões de postos de trabalho formais no Brasil. Em 2016, 60% dos municípios fecharam postos de trabalho, incluindo capitais e grandes centros econômicos.

O indicador emprego e renda registrou pequena recuperação ao atingir 0,4664 ponto, contra 0,4336 de 2015. “O movimento é explicado pelo aumento do rendimento real do trabalhador formal, em parte por conta da política de reajuste do salário mínimo”, explica o economista da Firjan.

Ainda assim, o resultado continua em nível historicamente baixo e foi o pior da série histórica. Apenas cinco cidades alcançaram o alto desenvolvimento no indicador de emprego e renda: São Bento do Norte (RN), Capanema (PR), Telêmaco Borba (PR), Selvíria (MS) e Cristalina (GO).

Disparidades regionais
O IFDM 2018 confirmou, ainda, uma realidade que outros estudos sobre o tema já vinham revelando ao longo dos últimos anos: o país contínua desigual e com enormes disparidades por região.

Enquanto o Sul é a região mais desenvolvida do país, tendo 98,8% de cidades com desenvolvimento alto ou moderado, perfil semelhante ao apresentado pelo Sudeste e Centro-Oeste, as regiões Norte e Nordeste tiveram, respectivamente, 60,2% e 50,1% dos municípios com desenvolvimento regular e baixo.

O estudo trouxe destaques positivos, como a melhoria da região Centro-Oeste, que alcançou o padrão Sul-Sudeste, com 92,4% dos municípios com desenvolvimento moderado ou alto e nenhum município com baixo desenvolvimento.

Dez maiores IFDMs
Entre todos os municípios avaliados, Louveira (SP) é o mais desenvolvido, conquistando 0,9006 ponto, enquanto Florianópolis é a primeira das capitais, com 0,8584.

Na cidade paulista estão instaladas sedes de importantes empresas multinacionais e de logística.

Em segundo lugar vem a cidade de Olímpia, importante destino turístico, com 0,8820; seguida de Estrela do Norte, com 0,8810 ponto em decorrência da forte geração de empregos em obras de construção. Ambas as cidades também estão localizadas no estado de São Paulo.

O município de Estrela do Norte registrou a maior evolução entre as dez primeiras cidades mais bem colocadas, saltando de 526º lugar em 2015 para terceiro, em 2016.

Na quarta posição no ranking das cidades mais bem pontuadas está Vale Real (RS). O município atingiu, em 2016, 08807 ponto, a partir da geração de empregos na construção e produtos metais. A cidade registrou um salto significativo ao sair da 276ª posição em 2015 para ocupar uma das primeiras posições em 2016.

Em quinto lugar aparece Apucarana, no Paraná, com 0,8806 ponto. A cidade é um importante centro industrial. Ainda no Sul do país, o município de Lajeado (RS), polo da indústria alimentícia, ocupa a sexta posição com 0,8789 ponto.

Fechando o ranking das dez mais bem posicionadas cidades do país estão Toledo (PR) na 7ª posição com 0,8786 ponto; Concórdia (SC), em 8º, com 0,8781; Itatiba (SP), em 9º, com 0,8779 ponto e Itupeva (SP), em 10º, com 0,8779 ponto.