Quadrilha adotou linha industrial de produção para desmanche de carros, revela Polícia

Com as peças dos veículos, bando fazia kits e vendia de forma variada para 15 estados

Desbaratada hoje, a quadrilha especializada em roubos de veículos que, segundo a Polícia, vinha lucrando até R$ 800 mil por mês, adotou um “sofisticado mecanismo de crimes”, de acordo com o delegado Adriano Nonemacher. Mediante a distribuição de tarefas pré-definidas entre os integrantes, veículos eram roubados, a maioria de luxo, e deixados “esfriando” em ruas da cidade e até garagens da área central da Capital.

Depois, os carros roubados eram levados a sete pavilhões na região Metropolitana, onde eram desmanchados em uma verdadeira “linha industrial de produção”, com mecânicos, clonadores, ferramentas caras e maquinário. Com as peças dos carros, a quadrilha fazia kits e vendia de forma variada para 15 estados.

Com o dinheiro adquirido na comercialização, a quadrilha criou empresas – como lojas e revendas automotivas – para lavar dinheiro. “Com o dinheiro ilícito adquiriam dezenas de veículos para as frotas dessas próprias empresas”, revelou. Seguradoras e locadoras de carros também foram lesadas pelo bando.

Nem estacionamentos, shoppings e supermercados escaparam. Roubos e furtos de carros eram simulados para conseguir indenizações, que podiam chegar até R$ 100 mil. Os criminosos tinham ainda táxis e carros de aplicativos de transporte. O bloqueio judicial de mais imóveis e carros de luxo, além de novas prisões, pode ocorrer a partir de agora com o aprofundamento da investigação. Há suspeita de envolvimento até de centros de desmanches veiculares e centros de registros de veículos automotores no esquema. Os policiais civis apuraram que os membros da quadrilha e “laranjas” recebiam até premiações conforme o lucro resultante.

Titular da Divisão de Inteligência Policial e Análise Criminal do Deic, o delegado Gustavo Bermudes observou que a Polícia desenvolveu “uma complexa e qualificada investigação” para atingir o braço financeiro da quadrilha. Segundo ele, os dois líderes usufruíam do dinheiro ilícito mediante carros de luxo, viagens, festas e imóveis de alto padrão em vários lugares. “Identificou-se pessoas jurídicas e físicas para a movimentação de valores”, frisou. “Um dos líderes movimentou em seis meses R$ 1,7 milhão em uma das contas bancárias. A esposa do outro líder movimentou R$ 900 mil no período de seis em sua conta bancária”, acrescentou.