Banco Central mantém juros básicos da economia em 6,5% ao ano

Decisão era esperada pelo mercado financeiro

Foto: Marcello Casal / Agência Brasil

Pela segunda vez seguida, o Banco Central (BC) não alterou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve hoje a taxa Selic em 6,5% ao ano. A decisão era esperada pelo mercado financeiro.

Com a decisão de hoje, a Selic continua no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até a taxa chegar a 6,5% ao ano em março.

Na última reunião do Copom, em maio, a Selic tinha sido mantida em 6,5% ao ano, em uma decisão que surpreendeu o mercado financeiro. Na ocasião, o BC alegou que a instabilidade internacional, que se manifestou na valorização do dólar nos últimos meses, influenciou a decisão.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula 2,86% nos 12 meses terminados em maio, abaixo do piso da meta de inflação, que é de 3%. O IPCA de junho só vai ser divulgado em início de julho.

Até 2016, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para 2017 e 2018, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não pode superar 6%, nem ficar abaixo de 3%.

Inflação

No Relatório de Inflação, divulgado em fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária estima IPCA de 3,8% em 2018. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deve fechar o ano em um nível parecido: 3,88%.

Do fim de 2016 ao fim de 2017, a inflação começou a diminuir por causa da recessão econômica, da queda do dólar e da supersafra. Os índices haviam voltado a cair no início do ano, afetados pela demora na recuperação da economia, mas voltaram a subir depois da greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias e provocou escassez de alguns produtos no mercado.

Crédito mais barato

A redução da taxa Selic estimula a economia porque o juro menor barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, divulgado em março, o BC previa expansão da economia em 2,6% para este ano, mas depois da greve dos caminhoneiros a estimativa deve ser revista.

O próprio governo estima que a paralisação tenha custado R$ 15,9 bilhões e provocado prejuízo equivalente a 0,2% do PIB. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos preveem crescimento de 1,76% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2018.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito, estimulando a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.