Polícia encontra oitavo corpo em região que foi palco de chacina em Viamão

Na madrugada, sete pessoas foram executadas em três pontos diferentes do bairro Parque Índio Jari

Ao fundo, a casa onde ocorreu os assassinatos | Foto: Alina Souza

A Polícia Civil localizou mais um corpo, nesta terça-feira, nas imediações do local onde ocorreu uma chacina com sete mortos em Viamão, na região Metropolitana. A oitava vítima teve o corpo encontrado em um arroio na rua Cascavel, no bairro Parque Índio Jari.

Conforme o delegado regional, Carlos Wendt, ainda não há confirmação de que o oitavo corpo tenha ligação com as sete mortes violentas da madrugada, mas o caso é verificado pelos investigadores. A vítima é um homem, mas ainda não há informações se existem marcas de violência no corpo, como tiros, por exemplo.

Durante a tarde, um caminhão de uma empresa de pavimentação pegou fogo, na mesma região. De acordo com o 18º Batalhão de Polícia Militar (BPM), porém, tratou-se de fogo espontâneo, e não criminoso.

Chacina

Sete pessoas foram executadas em três locais distintos do bairro. Na rua Guarapari, duas mulheres e um homem foram mortos dentro de uma residência. Na rua Professor Cabral Freitas, uma mulher e um homem foram alvo de disparos em outra casa. Na rua Araranguá, um homem foi baleado na via pública. Uma das vítimas chegou a ser socorrida e encaminhada com vida para uma unidade de pronto atendimento de saúde, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

A Polícia Civil ainda desconhece a autoria dos crimes. Atuando de forma sigilosa, o delegado Wendt revelou que as “investigações estão avançadas”, em entrevista para o programa Guaíba News.

Morador relata tensão constante

Durante a manhã, quem circulou pelas ruas do Parque Índio Jari não quis conversar sobre a chacina. Um morador da área, no entanto, desabafou, em declarações para o Correio do Povo, com a garantia de não ser identificado. “A região é muito tensa. É muito difícil sair com tranquilidade aqui. A galera está em guerra. É tiro, tiro e tiro sem parar. Aqui é uma região de tráfico intenso. Tem de um lado, tem de outro”, relatou.

Ele comentou ainda que escutou os disparos, mas lembrou que “não chegou a se preocupar”, já que “é uma coisa que se ouve com frequência”. O morador contou também que os grupos rivais de tráfico de drogas cometem até assaltos contra quem reside no território contrário, citando inclusive casos de estupros de jovens. “O pessoal encobre”, admitiu, referindo-se ao silêncio da comunidade em repassar informações às autoridades.

Em consequência desse silêncio, a violenta madrugada no bairro surpreendeu a área da segurança pública. A titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Viamão, delegada Caroline Jacobs, observou que existe o tráfico na região, mas não uma disputa com crimes contra a vida. Ela recordou que o mês de junho registrou apenas três homicídios em toda a cidade.

Schirmer determina reforço policial em Viamão

Viamão teve reforço policial após a chacina. O secretário estadual de Segurança, Cézar Schirmer, repassou a determinação à Brigada Militar (BM), que encaminhou parte do efetivo do Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Porto Alegre à cidade. Já a Polícia Civil reforçou as investigações sobre os crimes, com cinco agentes.