Em nota, Planalto reitera que Temer não incentivou pagamentos a Cunha

Hoje, Polícia Federal entregou relatório final da Operação Cui Bono

Foto: Marcos Corrêa / PR / CP

O Palácio do Planalto reafirmou, em nota oficial, que o presidente Michel Temer jamais incentivou pagamentos ilícitos ao ex-deputado Eduardo Cunha em troca de silêncio. A nota decorreu da entrega, à Justiça Federal, do relatório final da Polícia Federal sobre as investigações da Operação Cui Bono, que investigou um esquema de fraude na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013. O relatório, conforme a PF, reforça a suposta intenção do presidente de comprar o silêncio de Cunha e, consequentemente, obstruir as investigações.

“É mentirosa a insinuação de que o presidente Michel Temer incentivou pagamentos ilícitos ao ex-deputado Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro. Isso jamais aconteceu. […] Apesar da ausência absoluta de provas, investigadores insistem em retirar do contexto diálogos e frases para tentar incriminar o presidente da República”, cita um trecho da nota, assinada pela Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom).

O assunto surgiu em maio do ano passado após delação do empresário Joesley Batista. Ele gravou uma conversa com o presidente da República e usou o áudio para acusá-lo à Justiça. É nessa gravação que se ouve o presidente dizendo “tem que manter isso, viu?”.

Segundo Joesley, a frase de Temer se referia a pagamentos ilícitos a Cunha. Mas a gravação não deixa isso claro e abriu margem para a defesa do presidente. Temer defende que a frase é uma resposta à afirmação do empresário, que disse estar “de bem” com Cunha. O próprio ex-deputado já negou algumas vezes essa tentativa de silenciá-lo.

A notícia instalou uma crise no governo, que só arrefeceu após a rejeição de duas denúncias contra Temer na Câmara dos Deputados, no ano passado. Após deixar a presidência, porém, ele vai responder à Justiça comum pelas acusações.

Veja a nota da Secom na íntegra:

“Nota à imprensa

É mentirosa a insinuação de que o presidente Michel Temer incentivou pagamentos ilícitos ao ex-deputado Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro. Isso jamais aconteceu. A gravação do diálogo com Joesley Batista foi deturpada para alcançar objetivo político. A verdade é que, na conversa grampeada, quando o empresário diz que mantinha boa relação com o deputado, o presidente o incentiva a não alterar esse quadro. Segue a transcrição desse trecho do diálogo:

Joesley – “Eu tô de bem com o Eduardo”

Michel Temer – “Tem que manter isso, viu?”

Portanto, não tem nada a ver com aval a qualquer pagamento a quem quer que seja. Assim, é ridículo dizer que houve obstrução à Justiça e, muito menos, relativamente a qualquer caso envolvendo integrantes da Magistratura e do Ministério Público. O presidente não tinha nomes, e nem sequer sabia que o procurador Marcelo Müller estava trabalhando para a J&F da família Batista.

Apesar da ausência absoluta de provas, investigadores insistem em retirar do contexto diálogos e frases para tentar incriminar o presidente da República. Perpetuam inquéritos baseados somente em suposições e teses, sem conexão com fatos reais.”