Defesa de empresário preso no RS rebate acusação de locaute

Para Lúcio de Constantino, cliente é vítima de tentativa de se buscar responsáveis pelos transtornos e prejuízos incalculáveis causados à economia nacional

O empresário gaúcho preso ontem, suspeito de participar da organização da paralisação de caminhoneiros no Rio Grande do Sul, garante não ter liderado e não ter nenhum tipo de envolvimento no movimento, que durou 11 dias.

Vinícius Pellenz está detido desde ontem na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Porto Alegre. Ele foi identificado como o autor de textos compartilhados por grupos de mensagens eletrônicas, interpretados pelas autoridades de segurança como ameaças a caminhoneiros que queriam voltar ao trabalho.

Em entrevista à Agência Brasil, o advogado de Pellenz admitiu que a voz gravada em ao menos dois áudios anexados ao inquérito é a do cliente. No entanto, segundo Lúcio de Constantino, nelas o empresário não está insuflando os caminhoneiros a impedir os companheiros a voltar ao trabalho, mas sim reclamando dos bloqueios, que prejudicaram as atividades de empresas locais, incluindo a da família dele.

“Os áudios que me foram apresentados não contêm indícios claros de que Vinícius tenha constrangido ninguém. São registros de conversas comuns que eu entendo serem insuficientes para configurar qualquer prática ilícita”, argumentou o advogado, sugerindo que, numa outra mensagem, o cliente pode estar alertando os caminhoneiros sobre os pontos de bloqueios onde era necessário ter cautela.

A defesa reforçou que Pellenz não é diretor da empresa de transporte e logística Irapuru, com sede em Caxias do Sul, embora seja filho do dono, Celso Pellenz, e sócio-proprietário de outra empresa que mantém relações comerciais com a Irapuru.

O advogado destacou que, ao depor, o empresário detido respondeu a interrogações relacionadas à prática de crime contra a organização do trabalho, e não necessariamente à prática de locaute – que ocorre quando o empresário fomenta greves ou estimula funcionários a paralisar as atividades a fim de aferir lucro. A prática é proibida por lei.

Para Constantino, o cliente é vítima de uma tentativa de se buscar responsáveis pelos transtornos e prejuízos incalculáveis causados à economia nacional.

Até a última terça-feira, a PF já tinha instaurado 48 inquéritos para investigar a ocorrência de locaute na paralisação. A corporação também havia encaminhado à Justiça vários pedidos de prisão. Vinícius Pellenz foi, até o momento, a única pessoa presa.